4 de nov. de 2020

 Lágrimas salgadas percorrem até os lábios com gosto de fel

Minha homenagem a você, mulher violentada no corpo, na alma, nos sonhos
Por todas elas
Nem boneca de luxo, nem de louça.
Boneca de pano sem rosto,
deixada num canto, inanimada,
no olhar dos saltimbancos cegos.
Olhares desalmados,
anuviados de valores: pigmentos do
machismo opressor.
Poema interrompido
nas palavras sequestradas,
nos versos da escolha sonegada.
Livro fechado no chão, a boneca
que não pode ser boneca...
Escrito na boneca de pano,
o poema visual do horror exilado,
solitário, como se fosse de alguma
alma vagueadora,
sem paz, sem gozo no avesso de
uma lua sem luar.
Desnudo da dignidade .
Estou em um corpo machucado,
besuntado pela nódoa
da inconcebível barbárie humana,
O silêncio grita em cada morte.
Tudo é indigno a uma boneca
de carne.
No peito, o coração pulsa,
sofre e chora, sob o manto escuro
do desamparo.
Quem ouvirá?
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Ana Maria Barbosa Machado, Alexandra Jacob e outras 36 pessoas
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