O meu sapato e o sapato do outro
D Delicia...escolher sapatos!!!! Em cada estação do ano a procurar o conforto para os nossos pés, sustentação do
nosso corpo.
Para escolhê-los
temos nossos critérios e um carinho enorme. Calçamos, olhamos,
desfilamos em frente ao espelho, sob o olhar atento do vendedor...” será que vai
comprar?” Já na expectativa do final do
cansaço no subir e descer caixas... UFA!!!!
Escolher pelas
cores... de acordo com o nosso estilo. Os
que não brigam com nenhuma roupa, os nudes. Ou, aqueles
bem coloridos, contrastantes com a roupa. Só para se ter glamour. O sapatênis para a bermuda, o sapato de verniz, de couro, para o terno, para o smoking, para o vestido,
sandálias...
Logicamente
pelo tamanho. Cada um tem seu número. Pés diferentes. Até no mesmo número os pés não serão idênticos.
Podem não se ajustarem. Histórias diversas. Os pés reagem de maneira diversificada, ao couro que o
reveste. Ah! tem o preço. Cada um sabe o
tamanho do seu bolso. Alguns compram em dólar, outros em real e ainda outros em
centavos, nos brechós da vida. Mas...
sem sapatos não ficamos.
Pensamos na finalidade. Esportivos, do dia a dia, sapatos de festa, modelos exóticos. Alguns são leves, abertos, delicados. Outros
amarrados, fechadinhos, conservando o estilo das botinhas das vovós... Semelhanças
com nossas personalidades, com o jeito
de encarar a vida; será mera coincidência?
Dizem que as mulheres não pensam muito em
conforto, não. Tentamos conciliar
beleza, estilo e conforto, como não?
Escolhemos
sapatos, escolhemos ações, atitudes; assim é a nossa vida. Isto é o viver. As escolhas fazem parte do
nosso cotidiano, e carregam as suas conseqüências. Se eu escolher um sapato sem
muito cuidado, sem dar-lhe a atenção merecida, aleatoriamente, poderá apertar meu pé, fazer bolha e estragar a festa .
Relacionamentos também têm seus estilos: assertivos,
raivosos, rabujentos, comunitários, isolados,
onde se vê apenas o próprio umbigo. Para se enxergar o outro, e não apenas
olhar, colocar-se em seu lugar, vestir
a pele da dor e alegrias por empatia, usamos ferramentas auxiliares, como o auto conhecimento. Olhamos
com humildade para os nossos próprios pés, antes de reparar, de julgar o do
vizinho?
Este
processo é gradativo, mas não impossível. Encontrar a marca de sapato, que melhor se
ajuste aos nossos pés, pode levar um tempo. Neste momento encantador renovamos nossa
sapateira, nossa alma.
Para
se colocar no lugar do outro se desce do
salto, das certezas, do pilar da soberba. Desatar as correias de nossas sandálias,
chacoalhar para se tirar a poeira das terras
velhas, é preciso. Colocar no lugar do outro me vem a imagem de nos
abaixamos para conversarmos com uma
criança...Ficar do seu tamanho.
Caberá
o sapato do outro, em pés desnudos,
descalços...
Olynda Aparecida Bassan Franco