14 de nov. de 2015

Eu sou o ano que vem



Frase do dia. Tenho que compartilhar.



        A Maria Eduarda estava acabando, sozinha, num fôlego só, sua tarefa de Matemática. Como ela irá para o sexto ano, ampliando seus estudos, tarefas e responsabilidades fiz o seguinte comentário: Eita menina, já se preparando para o ano que vem?
Ela me surpreende com uma resposta "filosófica". Com um ar maroto me diz: "mas eu já sou o ano que vem".
       Parei, num espanto e sorri. 
Alguém duvida que hoje, já somos o futuro? Beijo minha linda pensadora mirim. Vovó te abraça. Olynda.

Salvador, minha incógnita

               

                                    


          “ O que os olhos não veem, o coração não sente”.
                                            Ainda assim...
             Olhares convergem ao mesmo ponto; corações pulsam em emoções diferentes.
      Nas viagens turísticas nos oferecem vários pacotes de passeios. E o que me chama a atenção é a dualidade, a alternância de opiniões sobre o mesmo local. Alguns amam, outros, detestam. De acordo com minha disposição e disponibilidade faço minhas escolhas de coração aberto. O ir me fascina, me alegra, o chegar já existe.
      Torna - se viva a fala de Carlos Drumont “ ‘ Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho impar”.
Retorno de mais uma viagem fantástica, não só pela natureza exuberante do nosso país, mas pelo encontro de almas amigas e memoráveis. Sentir-se amada, é o alento que me presenteiam, envolta em nuvens de ternura. Agradecer, como? Em oração contínua, com a força da Fé.
Recife, Caruaru, Triunfo, João Pessoa e enfim, pouso em Salvador. Cada canto, seu encanto; em cada olhar a vibração pelo encontro, pela amizade virtual que vai se tornando presencial, purificada no fogo como ouro.
        Salvador era a minha incógnita, confesso a vocês. Havia ambiguidade nas informações. Criticavam a limpeza, a higiene da cidade. Me colocavam medo quanto ao assédio dos ambulantes no Pelourinho. A expectativa pairava no ar.
      Acompanhada pelo querido amigo e escritor Márcio Leite, guia nativo, amante e conhecedor da história de Salvador visitei o Centro Histórico da cidade, subindo e descendo ladeiras, inebriada pela narrativa de como e onde começou a vida em Salvador. Passar pela “baixa do sapateiro” cantada por Cayme foi emocionante Tive a grata surpresa de encontrar ruas varridas, limpas. Praças cuidadas sem lixões. Muitas equipes de limpeza, policiamento em pontos estratégicos. Quanto aos vendedores, nada de excepcional. Muito mais insistência vi em outros lugares, inclusive na Europa. São simpáticos, educados, como bons baianos.
       Muitos prédios sendo restaurados, outros tantos a espera de recursos e vontade política. A história desvalorizada me entristece. Há muito o que se fazer. Como deixaram deteriorar, não é com qualquer tostão que se restaura. A rede Fasano está revitalizando o histórico prédio do Jornal da Tarde, para a instalação de um hotel cinco estrelas, preservando as características da histórica construção. Há um hotel que se chama “A casa das portas velhas” Pura poesia e tradição. Este nome dá crônica, poesia rsrs
       Ah! Andamos de metrô também. Foi, ou não foi, um turismo diferente. E como Márcio Leite, anda rsrs. E eu... com fôlego. Sua operação é recente depois de anos e anos de espera. Está lindo, bem cuidado. Funcionários orientando os usuários quanto à segurança. Espero que tudo isto seja conservado. Por enquanto é gratuito. Fase de experimentação. A linha 1 está sendo ampliada e a linha 2 em construção, interligando o aeroporto à cidade. Fato muito importante.
Percorri a cidade baixa/alta; bairros nobres/ humildes e trago a melhor das melhores impressões de Salvador. Amei esta cidade de orla imensa, exuberante com problemas urbanos como qualquer outra, também na violência. Maaas é linda!!! Alguns que lá estiveram e não gostaram devem estar se perguntando : “Que Salvador é esta que a Olynda viu”? Outros estarão sorrindo com saudades, como  eu. Enfoques e épocas diferentes.
        À noite, meu novo amigo querido, que se tornou presencial, Augusto Coelho me apresentou com entusiasmo impar, a orla toda revitalizada com iluminação, calçadões, áreas de lazer, também para crianças. Vi a casa de Vinicius de Moraes. No jardim tem sua estátua, com uma cadeira ao lado para um papo com os turistas. Como era noite achamos prudente não parar.
       Salvador é poesia, é ser poeta em cada olhar. Em suas águas azuis a paz, no verde esmeralda a esperança. As águas do mar beijam o céu num horizonte em perspectiva de junção de belezas. Ao contemplar o mar de Salvador as palavras se escondem sabedoras de sua inutilidade. As conjunções exclamativas embargadas no peito explodem em emoção e gratidão. Entendi de onde vem a calma do baiano. O mar é o antidepressivo natural e de graça. Ele embala, canta na brisa e no rebentar das ondas na areia fofa escaldada pelo Sol.
      Obrigada família Leite, Gross, ( Inesquecível) Manoel, Augusto Coelho por me transmitirem o seu amor por Salvador. Estamos todos saudosos, não é? Como não retornar?
Voltarei por onde passei. Não em turismo, mas em viagem para matar saudades de queridos e ternos amigos. Deixo em Recife: a família da acolhedora Luciana; a Lú, simpática secretária; Ricardo, amado sobrinho. Em Caruaru: a família da querida e presente Onilda; em João Pessoa: meu querido amigo Paulino. Ao escrever sinto o sorriso acolhedor de cada um. Abraço da Olynda

Não negues









Não negues


Não negues a um amor que não vês
O virtual também enche a alma
E quando a paixão nasce
Meu Deus! A carne  vira brasa

Crepita  olhares silentes, desejos velados,
emoção sublimada em arrepios:
fala secreta do coração

Não ignores! O tenha na noite,
na luz da tela, na deleitosa penumbra.
Beba deste amor, que a invade.

Amor abrasador. Não se tem vida própria.
É entrega. Cadê sono? Cadê fome?
Enigma na paixão virtual

Me  vem sussurros cálidos.
Sabor framboesa de um beijo,
cheiro de amor, impregnado de você.
Tens  no rosto, afago! Minha paz

Louco! Insensível!
Te deixas tocar pela força
da Paixão virtual ,que te invade
por inteiro.
Sai de ti e me  abraça.



                                                     Olynda Bassan




Olhar tímido







Olhar tímido


Um risco.
Um caminho.
Transponho pedras.
Ergo pontes, me apresso
na ousadia de regar
meu  sonho/ semente.

Vivo o novo...e de novo,
onde o amor grita, ainda que mudo.
Ruído no coração, em sons difusos, traz
o anseio de encontros de almas, na
vida que renasce.

 Imagino sua voz macia de travesseiro,
Como  cantiga  que me embalaria,
o que já  o embalara na alma.
 Imagens de ilusões. Sonho!

No precipitar das nuvens, como chuva
densa  de você,  te enxergo na névoa  e
perco a pressa. Me   aconchego,  quieta,
encolhida,  presa no seu olhar tímido,
 quase  menino, que me busca em abraços
de carícias, num canto qualquer
do  sentimento, silente e pulsante.



                                             Olynda Bassan

O pensar de um detento






O pensar de um ex detento.


..
Parti para São Paulo. Notei muitos jovens, homens novos, embarcando mediante apresentação de carta expedida por alguma instituição.
No início da viagem estavam silenciosos, mas a medida que o ônibus se aproximava mais de São Paulo a inquietude, a ansiedade se instalava. Riam, olhavam a estrada com sofreguidão. Pelas conversas entre eles descobri que eram ex detentos com o alvará definitivo, em mãos. Estavam presos há 10 anos, alguns menos.
Eu quase não conseguia administrar tanta euforia, vibração daquele ônibus. Ainda lutava no meu interior contra o receio e o preconceito. Atmosfera também do medo do inesperado. É preciso saber viver em liberdade. Eram 12, com suas sacolinhas com salgadinhos, coca, danone. Gentilmente nos ofereciam.
Prestava atenção em seus desejos e indagações. O que estava sentado ao meu lado dizia: "Quero chegar em casa e tomar um banho quente por uma hora. Banho gelado, nunca mais. Tá loco". Perdi 10 anos da minha vida. Chega! O outro falava em fazer currículo, trabalhar. E assim sonhavam. Quando o ônibus parou na rodoviária, eles há muito faziam fila, desde a escada. Neste momento, um deles, simpático, melhor vestido, olhou para os demais e disse: " Gente, agora é a hora da verdade " .Desejamos um feliz recomeço e cada um seguiu seu caminho. Uma mãe esperava pelo seu filho. Foi um encontro de lágrimas, não as mesmas da despedida de um dia, mas de acolhimento, de chegada. Abraço da Olynda