29 de mar. de 2014

A dor de tantas "Marias"


Campanha da Fraternidade denuncia e acolhe a dor de
tantas “Marias”.


                                                                        fonte Cartaz Campanha da fraternidade 

                      

O cartaz da Campanha da Fraternidade de 2014, nos apresenta mãos clamando por libertação, implorando para que sejam rompidas as correntes
que aprisionam vidas, corpos e almas. Denuncia situações  de degradação humana, de indignidade e de crueldade; impostas pelo tráfico de pessoas, de órgãos, e pelo trabalho escravo.
Poderia falar da cifra de 34 bilhões de dólares, lucro obtido pelo tráfico; das 75.000 pessoas ao ano, submetidas à
crueldade dos senhores poderosos deste comércio, apenas no Brasil. No mundo, são milhões. Poderia, ainda, citar as rotas dos países de origem e de destino.
   Porém,olhando para o tráfico de crianças, me vem o rosto de Maria, Mãe de Jesus, que teve a graça de “ensinar o Cristo a falar, que fez Jesus caminhar”. As “marias” de hoje, choram pelo filho, fruto gerado de seu amor, tirado de seus braços pelo poder do tráfico. Já não embalam, não sorriem, muito menos orientam os primeiros passos de seus bebês.
Em forma de oração, eu me lembro de Maria, nossa Mãe, que viveu a aflição pela perda de Jesus, por um breve
período de tempo, enquanto ele pregava no templo. Ela entende
da dor de separar-se de uma parte de seu próprio ser.
 Outras “marias” submetem-se à solidão. Seus maridos, mesmo cansados pelas durezas da vida, partem à procura de trabalho, de sonhos, de sustento da família, em terras distantes.
 Esperançosas, não imaginam o sofrimento destes homens que são escravizados, sem direitos trabalhistas, sem moradia, espoliados pelos contratantes que lhes impõem um trabalho escravo.
Eles também sofrem pela ilusão não realizada, pela vida que quiseram ter e não conseguiram. Acreditaram em promessas, sem saber que eram falsas.
    “Em cada mulher que a terra criou, um traço de Deus Maria deixou”. Os senhores do tráfico não reconhecem este traço de Deus em cada mulher, em cada jovem traficado; cruelmente
tratado, castrado em seus sonhos. O que vale não é o traço de dignidade, não é o traço de Deus, é o dinheiro, o lucro pela sexualidade, pela venda do corpo.
  Maria gerou um corpo pleno, único, templo do Espírito Santo, seu filho Jesus. Esse corpo foi glorificado por Deus e o nosso também é. A ninguém é dado o direito de penetrar em suas entranhas e extrair órgãos, para alimentar uma rede de tráfico de órgãos de cifras bilionárias.
    “Maria plantou sonhos de paz com a ternura do seu amor de Mãe”, do seu cuidar, de estar atenta às necessidades
do outro. Que paz podem almejar as pessoas que não são livres, que são separadas deste amor da mãe, da família, de seus pilares de sustentação?  Só lhes restam as saudades, que apertam o peito, lágrimas que escorrem no silêncio e na escuridão de seu quarto, querendo contar ao mundo um pouco da escuridão de sua alma. São obrigados a trabalhar sempre sorridentes, lutando para sobreviver nos porões do mundo, a serviço do tráfico. Vidas não vividas, desperdiçadas, vendidas.
  Maria, mediadora nossa, olhai por todas as vítimas escravizadas, mergulhadas numa cultura de morte que as fere em seus corpos, em sua liberdade, em seus valores e em seus princípios. Amém



23 de mar. de 2014

Alegria do Carnaval







                                                        fonte Google


         Neste carnaval eu me propus a viver o diferente. Resgatar o aconchego da família; voltar à minha origem onde nasci e cresci, brincando de cara para o vento, atolando na lama das ruas, ainda de terra, brigando, conquistando espaços, aprendendo a ser líder. Sim, Gália, minha cidade Natal, foi a escolhida para passar o feriado de Carnaval.
 E como me foi prazeroso! Muito bom! Desfile de blocos, carros, fantasia, bateria com muita a animação e trabalho. Mas, nesse sair para apreciar a festa nos alegramos ao encontrar amigos que há muito não víamos. Amigos de infância, ou filhos de amigas, que se perderam pela distância, mas nos reencontramos no  face.  Lado bom deste aplicativo! Neste carnaval nos abraçamos ao vivo e  à  cores...! "Oi minha amiga do  face,  e verdadeira". Sinais dos tempos.  Muitos abraços e sorrisos. Rever família, estreitar laços, “tricotar” com irmãos, fortalecer o vínculo familiar. Reviva o amor, desata os nós da carência de atenção, de afago.
     O encantamento da natureza, foi mesmo, sentar nos bancos do jardim ao entardecer. Quantas recordações me traz! O imaginário baila nas lembranças. Parece que eu conseguía ver os mesmos moradores saindo de suas casas. - Ali morava o Toninho.- Olha casa da D. Nenê, minha professora... Quem morava naquela amarela, mesmo?   
    Minha irmã Lourdes e eu, chegamos  cedo para a missa, em nossa encantadora Igreja Matriz.  Neste espaço de tempo, pude apreciar o céu mais deslumbrante que meus olhos já viram. Parecia que o mar estava de cabeça para baixo. Não se enxergava uma nuvem, apenas as estrelas, surgindo para iluminar aquele céu que estava prestes a se esconder, para humildemente dar lugar à lua prateada que já despontava. Era um degradé de azuis.  Exuberante!   Em desenhos circulares, se via desde o azul claro, turquesa, azul hortência, azul petróleo. Mas, de uma intensidade que emocionava a alma. Só um poeta descreveria tamanha beleza.  A mim, apenas sentida, pois desvendo a poesia no cotidiano, e não em palavras. Esta "pintura" emoldurada pelos altos coqueiros, me faz acreditar na presença de Deus, em cada pedacinho deste planeta.
     Minha vontade era bater no ombro de cada pessoa que por ali passava e apontar para este céu... Olhe!  Não perca este deslumbramento, presente de nosso Deus. Não olhe apenas na linha dos seus olhos, ou para o chão. Tem mais belezas acima do nosso olhar. Tem poema!  
    Em contraste a esta paz, a esta poesia, por ser carnaval, lembrava eu do barulhento "trio elétrico, com o som nas alturas embalando a moçada, na alegria alimentada pelas latinhas em suas mãos, desde o raiar do dia. Alegria pela alegria? Falsa alegria! Esta, por certo, não transborda de suas almas, de seus sonhos, ou conquistas. Quando transito entre pessoas e tão jovens ainda, se afogando em bebidas em ressacas, tenho medo! Não deveria, mas eu o sinto! Por que não me envolve a alegria?  Afinal é a juventude nas ruas, com toda a sua vivacidade. Quanta vida o Criador colocou nestas criaturas!  Por que não reconhecem a sua grandeza, o seu valor? Nem sabem quanto amor existe dentro de si e qual sua capacidade de amar.Há um endeusamento pela bebida, pelas drogas. Sinto pena!
     Que efeito estranho esta festa exerce sobre os indivíduos.  Falo daqueles que se permitem transgredir, porque é carnaval. Durante o “reinado do Rei Momo”, este jovem deixa em uma gaveta, sua alma, seu espírito; esquecendo – se, que ele próprio mora neste corpo, agora maltratado, descascado pelos excessos, muitos excessos...  Jovens que não dão conta deste corpo; mente que não elabora raciocínio.  Traça -se um parênteses, onde se permanece, dormitando por 3, 4 dias. O que diria o seu reflexo diante do espelho? Que face revelaria?
  Não, ele não quer pensar. Carnaval não combina com pensar. Nesta transgressão, presenciei ali pertinho das famílias que se encontravam, falando de suas lembranças, uma briga entre alguns adolescentes, mostrando a barbárie que o ser humano, ainda exerce, hoje, como se estivessem nas arenas Romanas. O moço cai e os demais batem em seu corpo, em sua cabeça com cadeiras de ferro, sem pensar nas conseqüências. Nem  mesmo reconhecem ,naquele ser, uma criatura,  um filho de Deus, seu irmão. Tudo se faz em nome do Carnaval. Uma mãe dizia para o filho - “Você está bebendo muito. -“Não esquenta mãe. Depois do  carnaval eu paro”. Ah!...tem caminhos outros, de se sentir feliz...Tem, sim...
   Vive-se também, no Carnaval, a alegria que não transgride, a qual é brincada em família, no salão, com amigos... Parece  que  neste momento queremos “jogar a toalha” de nossas preocupações, fardos que nos pesam no dia a dia. Uma vontade de trocar nossos deuses, nossos demônios. Um chega pra lá, no sistêmico, no jeito cartesiano de resolver nossas pendências, nossas neuras.  O toque das marchinhas, o repique dos tamborins, dos surdos,  despertam uma sensação de vibração, de arrepio pela emoção, que nos falta no cotidiano de trabalho, na correria, nos encargos. Mesmo que seja, por um breve espaço de tempo, usufruir de um jeito de viver, de sorrir, de ser mais leve, propósito de muitos réveillons.   “Deixar a vida me levar, leva eu”. Aproveitar a vida a dois, namorando, revivendo os bailes da época de paquera, de noivado. Essencial este afago, este sussurrar no ouvido de quem se ama. A alegria descontraída do  Carnaval faz aflorar tais desejos. E por que não vivê-los?  Se há tantos  risos... oh! quanta alegria... no salão?
    Vou além dos salões enfeitados.  Questiono a importância do ambiente, ao nosso redor.  Assim como o carnaval suscita o contentamento;  um ambiente, com humor, acolhedor, poético, também não exerceria  a vontade de sentir a emoção da vida, na vida, em nós? Um lugar com leveza...
    Nossa inquietação, nosso desejo louco de amar, nossa ânsia pela alegria,  de sentir arrepios, pode ser alcançada por voos altos, por fazer o que temos vontade, por mais simples que seja, sem a muleta da bebida, da maconha, da cocaína.  Sem a desculpa do não ter tempo, não ter oportunidade, estar só. E por que não ser companhia de mim?  
      Eu me recordo, com carinho, daquela senhora, nos seus 87 anos, a qual achou um caminho para ser feliz.  Não é que teve vontade de rezar alto na Igreja e não se fez de rogada? Pediu o microfone e realizou seu sonho.  Não somente rezou, mas declamou sua extensa oração,  com a emoção que transbordava de sua alma. Vivenciou uma satisfação inenarrável! Posso escolher, uma, entre tantas linguagens de ser feliz.Posso...sim ! 
     Eu mesma, posso estar me esperando, para me alegrar. Devo me apressar...
    Que pena... se eu resolver esperar até o próximo carnaval!

   


8 de mar. de 2014

Mulher... dançarina da vida



                                                                                                     fonte google




   



                                                    "Nem sempre podemos 
escolher a música que a vida toca. 
Mas podemos escolher o jeito de dançar...
Que a vida Nos reserve uma ótima dança..."



      Um abraço carinhoso, a nós mulheres, pois somos exímias dançarinas no palco desta vida de afazeres, de cobranças, de se fazer feliz, de se amar, de se conservar bela... de  ser amada. Dançarina sem medida, na arte sacrossanta de ser Mãe, de seus próprios filhos, de sobrinhos...  de  seus pais que se tornaram crianças pelo tempo implacável...

    Dançarina, rodopiando entre paixões, fantasias, amor, desenganos, frustrações, desamor...valsando, na elegância, sem tocar o chão...
       Esta mulher, por um tempo pode deslizar ao som de uma valsa; no rítmo de um bolero, que a torna doce, terna, tranquila. De repente, se reveste da força de um Flamenco, de uma batida compassada, alucinante, na qual se faz presente neste mundo de decisões, rápidas, precisas. Por entre acordes e notas musicais do cotidiano, quem dela precisar, sentirá seu abraço, seus braços fortes e ao mesmo tempo suaves, rodopiando pelos salões, pelo qual a vida abre suas portas. Ora estreitas, largas, glamorosas, rebuscadas, descascadas, esmaecidas pelo tempo. Não importa!   Haverá sempre uma mão entre as suas o conduzindo... conduzindo...


   Quem se aproxima desta mulher nunca mais será o mesmo. Sentirá o sabor da sua musicalidade, da  cadência nos passos de sua dança pela vida.  Neste movimento em espiral ela se eleva: se torna pilar, ninho, refúgio.  


Independente, das opiniões a favor, ou contra esta comemoração, reservamos a nós, o direito de nos valorizarmos... 
Eu amo ser Mulher.

6 de mar. de 2014

Tudo passa...



       


                                                                           fonte Google
                                  


   
   Tudo passa... Quando deixamos ir...
  Tudo passa... Quando o desapego se aninha e surrupia o lugar da posse que bate o pé e insiste em ficar.
  Tudo passa... Quando pelo nosso amor próprio reconhecemos que, o que termina, termina...
  Tudo passa... Quando num movimento interior buscamos caminhos de paz, de perdão, de recomeço.
 Tudo passa... Quando eu consigo acalmar as águas revoltas de um mar que carece de calmaria.
  Tudo passa... Quando acreditamos que águas doces saciarão minha sede; distantes das águas salgadas que queimaram minha pele pelo desamor.
 Tudo passa... Quando não mais represamos as águas das mágoas, rancores. Quanto mais diques  construímos,  como defesa, mais nos distanciaremos de novos portos, de novas chegadas.
  Tudo passa... Quando o “tudo de ruim” for acomodado num lugar do meu passado, porque eu mereço “tudo de bom”.
   Tudo passa... Quando percebo que a tristeza me faz doente, dando um sabor amargo à vida que deveria ser doce.
   Tudo passa... Quando colocamos as mãos em nossos trincos emperrados, abrindo as portas desafiadoras para o novo.
    Tudo passa... Quando não abro mão dos meus sonhos... do que sou... do que quero.
 Tudo passa... Quando temos consciência de que todo luto, pela perda que for, tem seu tempo para se findar.
   Tudo passa... Quando não permito que as cicatrizes façam sulcos em minha carne e na minha alma.  
   Tudo passa... Quando deixamos ir; mesmo com lágrimas, embargo na garganta, e querendo o contrário.
    Tudo passa... Quando o passado não me sombreia, mas me constrói.
  Tudo passa... Quando me liberto. Subindo até à altura que o vento me levar. Aplaino e gozo da paz que este voo me presenteia.
   Tudo passa... Quando o arco - íris surge, mesmo com suas cores tênues, e faz uma aliança de esperança, de alegria entre mim e minha alma.


           Tudo passa...