14 de nov. de 2015

Eu sou o ano que vem



Frase do dia. Tenho que compartilhar.



        A Maria Eduarda estava acabando, sozinha, num fôlego só, sua tarefa de Matemática. Como ela irá para o sexto ano, ampliando seus estudos, tarefas e responsabilidades fiz o seguinte comentário: Eita menina, já se preparando para o ano que vem?
Ela me surpreende com uma resposta "filosófica". Com um ar maroto me diz: "mas eu já sou o ano que vem".
       Parei, num espanto e sorri. 
Alguém duvida que hoje, já somos o futuro? Beijo minha linda pensadora mirim. Vovó te abraça. Olynda.

Salvador, minha incógnita

               

                                    


          “ O que os olhos não veem, o coração não sente”.
                                            Ainda assim...
             Olhares convergem ao mesmo ponto; corações pulsam em emoções diferentes.
      Nas viagens turísticas nos oferecem vários pacotes de passeios. E o que me chama a atenção é a dualidade, a alternância de opiniões sobre o mesmo local. Alguns amam, outros, detestam. De acordo com minha disposição e disponibilidade faço minhas escolhas de coração aberto. O ir me fascina, me alegra, o chegar já existe.
      Torna - se viva a fala de Carlos Drumont “ ‘ Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho impar”.
Retorno de mais uma viagem fantástica, não só pela natureza exuberante do nosso país, mas pelo encontro de almas amigas e memoráveis. Sentir-se amada, é o alento que me presenteiam, envolta em nuvens de ternura. Agradecer, como? Em oração contínua, com a força da Fé.
Recife, Caruaru, Triunfo, João Pessoa e enfim, pouso em Salvador. Cada canto, seu encanto; em cada olhar a vibração pelo encontro, pela amizade virtual que vai se tornando presencial, purificada no fogo como ouro.
        Salvador era a minha incógnita, confesso a vocês. Havia ambiguidade nas informações. Criticavam a limpeza, a higiene da cidade. Me colocavam medo quanto ao assédio dos ambulantes no Pelourinho. A expectativa pairava no ar.
      Acompanhada pelo querido amigo e escritor Márcio Leite, guia nativo, amante e conhecedor da história de Salvador visitei o Centro Histórico da cidade, subindo e descendo ladeiras, inebriada pela narrativa de como e onde começou a vida em Salvador. Passar pela “baixa do sapateiro” cantada por Cayme foi emocionante Tive a grata surpresa de encontrar ruas varridas, limpas. Praças cuidadas sem lixões. Muitas equipes de limpeza, policiamento em pontos estratégicos. Quanto aos vendedores, nada de excepcional. Muito mais insistência vi em outros lugares, inclusive na Europa. São simpáticos, educados, como bons baianos.
       Muitos prédios sendo restaurados, outros tantos a espera de recursos e vontade política. A história desvalorizada me entristece. Há muito o que se fazer. Como deixaram deteriorar, não é com qualquer tostão que se restaura. A rede Fasano está revitalizando o histórico prédio do Jornal da Tarde, para a instalação de um hotel cinco estrelas, preservando as características da histórica construção. Há um hotel que se chama “A casa das portas velhas” Pura poesia e tradição. Este nome dá crônica, poesia rsrs
       Ah! Andamos de metrô também. Foi, ou não foi, um turismo diferente. E como Márcio Leite, anda rsrs. E eu... com fôlego. Sua operação é recente depois de anos e anos de espera. Está lindo, bem cuidado. Funcionários orientando os usuários quanto à segurança. Espero que tudo isto seja conservado. Por enquanto é gratuito. Fase de experimentação. A linha 1 está sendo ampliada e a linha 2 em construção, interligando o aeroporto à cidade. Fato muito importante.
Percorri a cidade baixa/alta; bairros nobres/ humildes e trago a melhor das melhores impressões de Salvador. Amei esta cidade de orla imensa, exuberante com problemas urbanos como qualquer outra, também na violência. Maaas é linda!!! Alguns que lá estiveram e não gostaram devem estar se perguntando : “Que Salvador é esta que a Olynda viu”? Outros estarão sorrindo com saudades, como  eu. Enfoques e épocas diferentes.
        À noite, meu novo amigo querido, que se tornou presencial, Augusto Coelho me apresentou com entusiasmo impar, a orla toda revitalizada com iluminação, calçadões, áreas de lazer, também para crianças. Vi a casa de Vinicius de Moraes. No jardim tem sua estátua, com uma cadeira ao lado para um papo com os turistas. Como era noite achamos prudente não parar.
       Salvador é poesia, é ser poeta em cada olhar. Em suas águas azuis a paz, no verde esmeralda a esperança. As águas do mar beijam o céu num horizonte em perspectiva de junção de belezas. Ao contemplar o mar de Salvador as palavras se escondem sabedoras de sua inutilidade. As conjunções exclamativas embargadas no peito explodem em emoção e gratidão. Entendi de onde vem a calma do baiano. O mar é o antidepressivo natural e de graça. Ele embala, canta na brisa e no rebentar das ondas na areia fofa escaldada pelo Sol.
      Obrigada família Leite, Gross, ( Inesquecível) Manoel, Augusto Coelho por me transmitirem o seu amor por Salvador. Estamos todos saudosos, não é? Como não retornar?
Voltarei por onde passei. Não em turismo, mas em viagem para matar saudades de queridos e ternos amigos. Deixo em Recife: a família da acolhedora Luciana; a Lú, simpática secretária; Ricardo, amado sobrinho. Em Caruaru: a família da querida e presente Onilda; em João Pessoa: meu querido amigo Paulino. Ao escrever sinto o sorriso acolhedor de cada um. Abraço da Olynda

Não negues









Não negues


Não negues a um amor que não vês
O virtual também enche a alma
E quando a paixão nasce
Meu Deus! A carne  vira brasa

Crepita  olhares silentes, desejos velados,
emoção sublimada em arrepios:
fala secreta do coração

Não ignores! O tenha na noite,
na luz da tela, na deleitosa penumbra.
Beba deste amor, que a invade.

Amor abrasador. Não se tem vida própria.
É entrega. Cadê sono? Cadê fome?
Enigma na paixão virtual

Me  vem sussurros cálidos.
Sabor framboesa de um beijo,
cheiro de amor, impregnado de você.
Tens  no rosto, afago! Minha paz

Louco! Insensível!
Te deixas tocar pela força
da Paixão virtual ,que te invade
por inteiro.
Sai de ti e me  abraça.



                                                     Olynda Bassan




Olhar tímido







Olhar tímido


Um risco.
Um caminho.
Transponho pedras.
Ergo pontes, me apresso
na ousadia de regar
meu  sonho/ semente.

Vivo o novo...e de novo,
onde o amor grita, ainda que mudo.
Ruído no coração, em sons difusos, traz
o anseio de encontros de almas, na
vida que renasce.

 Imagino sua voz macia de travesseiro,
Como  cantiga  que me embalaria,
o que já  o embalara na alma.
 Imagens de ilusões. Sonho!

No precipitar das nuvens, como chuva
densa  de você,  te enxergo na névoa  e
perco a pressa. Me   aconchego,  quieta,
encolhida,  presa no seu olhar tímido,
 quase  menino, que me busca em abraços
de carícias, num canto qualquer
do  sentimento, silente e pulsante.



                                             Olynda Bassan

O pensar de um detento






O pensar de um ex detento.


..
Parti para São Paulo. Notei muitos jovens, homens novos, embarcando mediante apresentação de carta expedida por alguma instituição.
No início da viagem estavam silenciosos, mas a medida que o ônibus se aproximava mais de São Paulo a inquietude, a ansiedade se instalava. Riam, olhavam a estrada com sofreguidão. Pelas conversas entre eles descobri que eram ex detentos com o alvará definitivo, em mãos. Estavam presos há 10 anos, alguns menos.
Eu quase não conseguia administrar tanta euforia, vibração daquele ônibus. Ainda lutava no meu interior contra o receio e o preconceito. Atmosfera também do medo do inesperado. É preciso saber viver em liberdade. Eram 12, com suas sacolinhas com salgadinhos, coca, danone. Gentilmente nos ofereciam.
Prestava atenção em seus desejos e indagações. O que estava sentado ao meu lado dizia: "Quero chegar em casa e tomar um banho quente por uma hora. Banho gelado, nunca mais. Tá loco". Perdi 10 anos da minha vida. Chega! O outro falava em fazer currículo, trabalhar. E assim sonhavam. Quando o ônibus parou na rodoviária, eles há muito faziam fila, desde a escada. Neste momento, um deles, simpático, melhor vestido, olhou para os demais e disse: " Gente, agora é a hora da verdade " .Desejamos um feliz recomeço e cada um seguiu seu caminho. Uma mãe esperava pelo seu filho. Foi um encontro de lágrimas, não as mesmas da despedida de um dia, mas de acolhimento, de chegada. Abraço da Olynda

28 de set. de 2015

Valsando com os meus pontos







Valsando com os meus pontos
..
.Sou reticências... estou

No antes e no depois do meu
Instante alma/emoção.
****
Ponto final? Ele se move
Em meio às sombras dos 
Meus apegos reticentes.
****
Não me defino: procuro
Nos meus dois pontos
A síntese do que sou.
****
Vírgula, amiga de mim
Um respirar fundo; dar sentindo
De novo a paz.
****
Sou ponto de exclamação!!!
Apaixonada pela vida vibrante
Nas entranhas pulsa poesia
****
Interrogação? Mil perguntas
Preciso de todas as respostas?
Se nos parcos pontos, me sinto feliz?
****
Sou hífen: junção do velho e do novo
Ponte entre o linear e a ousadia
Pitada de loucura, tempero da vida!

Olynda Bassan

Luz e sombras







Luz e sombras
Nas minhas idas ao Centro de São Paulo procuro estar na Sé ao meio dia, para inebriar-me com o carrilhão da Catedral, chamando para a Santa Missa. O som dos sinos, enveredando pelos prédios de concreto, pelos corações dos frequentadores das escadarias, que talvez não mais percebam a poesia, ou choram por ela, me emociona. No interior do templo majestoso me recolho, olho para o meu interior em oração, num diálogo franco com Deus. Mesmo porque Ele me conhece “quando estou de pé, sentada, caída”. Desço as escadarias na leveza do encontro, no sentido de minha existência.
Atravesso a rua junto ao sinal para pedestres. Por segurança? Também. Há outro motivo que me leva a esse lugar. O sinal de pare, e o de seguir têm a imagem da Catedral da Sé. A criatividade do homem é incrível! Bem sugestivo.
Aguça minha vontade de tirar foto. A linguagem da fotografia tem me despertado deslumbramento. E o medo de expor o celular? Embora veja inúmeras pessoas com ele à mão, como se nada fosse lhes acontecer de ruim. Resisto à tentação. Já fui assaltada! A prudência salva e tolhe.
De repente abro o Whatsapp e a foto está lá, com os dizeres da minha filha Path: Sua foto! Faltou o verde! Pena que o dia estava nublado.
Sua delicadeza, em um gesto tão significativo, me deixou agradecida e ao mesmo tempo, um pensamento: Perfeita! O contraste da Luz da Fé, com a Luz que se dilui nas sombras dos nossos “eus”. Temos vários “eus”. Ou, na fala do escritor Paulino Vergetti Neto: “muitas almas.” Uma será carente de luz, de energia.
Na calçada de tantas gentes contemplo o vermelho do sinal e vejo a Fé do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, no Amor Fé que provoca mudanças, que nos transforma em um homem novo. Luz rubra que penetra na alma, aonde o Espírito Santo habita, sem que percebamos. Uma Luz silenciosa, como a brisa que sopra do mar, nos raios dourados do poente. Ela se torna visível pelas qualidades de quem sente Cristo como: “Caminho, Verdade e Vida.” Na ação. No jeito de viver. De sentir o “cheiro de Deus”, como sente o mesmo escritor, Paulino. Que se faz “colo de Deus” ao calçar o sapato do outro.
Sigo em frente, com a silueta  da catedral em verde, dizendo da esperança em unir nosso coração ao coração de Cristo, e nos tornarmos um. A Luz da esperança que vem de Deus, penetrante, com o poder de expandir o amor entre os povos. Nos motiva a ter um olho simples, que vá ao essencial, ao fundamental, como dizia Ignácio de Loyola, na busca de ser feliz! Ilumina, Senhor! Nos dê sabedoria para enxergarmos o essencial, do essencial, em meio a tantas decisões urgentes, para se garantir a cada pessoa um traço humano, digno de filhos. Temos capacidade para interiorizarmos esta Luz, que é de graça, que é de um Amor chamado PAI?
Como ter um “entendimento saudável, límpido, atento” ao sofrimento de tantas almas em mudanças culturais tão aceleradas e imprevisíveis? Volver-se a Ele. Ao Deus que nos anima e mostra caminhos, na espiritualidade que habita em nós, independente de doutrinas e dogmas. Basta acreditar e “deixar a Luz de Deus entrar”.
Obrigada pela foto, filha. Ela foi tirada exatamente no tempo desejado. A Luz da Fé se faz intensa, quando a nossa luz esmaece. Abraço Olynda.

21 de set. de 2015

Entorces








      Pois eu falei para minha sandália: Amanhã estará na minha crônica.
Sandália de “dedão”, não me pega os calos, salto baixo, grosso, tudo nela indica conforto. Puro engodo. Uma sandália que o “Zé” aprovaria. Aqui em casa é assim. A cada salto alto comprado, alguém diz...” d. Olynda o Zé não vai gostar.” Ter filho fisioterapeuta é fogo, e uma benção!
Passei o dia, andando pra lá e pra cá, mas percebia que a danada da sandália não se adaptava porque virava, dando pequenos” entorces” no pé. Não dei a atenção devida. Ontem eu a coloquei novamente. Combinava com minha saia. Meu organismo reagiu aos maus tratos. De repente não conseguia colocar o pé no chão. A dor era intensa! Inflamado, parecia um pão bem crescido. Dirigir, um martírio! Rezava para que todos os sinais estivessem abertos. Lógico que tal fato não aconteceu.
Em casa me jogo no sofá, mas não há posição que alivie a dor, que queima e arde. Tenho mal estar, suor frio, ânsia pela dor. Tomei um relaxante muscular corriqueiro e gelo. A partir daí o meu sobrenome seria gelo. O “Ze me passou as orientações e fiquei quietinha. Mudanças nos planos. Nada de vôlei, acompanhada pela neta, nada de faxina.
Na presença da dor nos visita o desamparo, a solidão. Respiro fundo e digo a mim mesma: Calma, vai passar.
" Os pés imitam a vida. A vida imita os pés". Vivemos em situações de desconforto as quais não nos são mais prazerosas, e não damos um passo para trocar de sapato, em situações corriqueiras do cotidiano.
Na sessão gelo, escrevi ...
Bom final de semana. Abraço Olynda, já melhor.

13 de set. de 2015

Vida Celebrada

Vida Celebrada 



Três filhos singulares. Três poesias peculiares.
Não conseguiria reproduzir um verso escrito anteriormente. 
 Cada filho, um seu jeito de ser, entrelaçado no mesmo elo do AMOR
Elô, este é seu ! ( a do meio)  Parabéns minha querida.


      

 Vem setembro, parto em flor
 Pólen ao vento se espalha...
 Vida em fecundidade
 ****
 Vibra de contentamento
 Meu útero ninho
 Eu, você um só tecido
 ****
 Segundo filho, vive a
 Extravagância no amor
 Em continuidade, Você
 ****
 Chega suave, pequenina
 Com tantas dobrinhas magrinhas
 Pele de pêssego, emoção!
 ****
 Olhos verdes, esmeralda
 Joia incrustada na alma
 Onde as palavras não explicam
 ****
 Eloisa, nossa Elô, cresce
 Em graça, sorriso contagiante
 Corajosa, risca caminhos
 ****
 Hoje, “nosso” coração se faz poesia
 Entrelaça nas palmas e na melodia
 Do Parabéns a você
 ****
 Seu rosto/Alma desejado
 Nas entranhas de um querer
 Hoje, Mulher! Forte na Fé
 ****
 Na minha sacralidade, Graça
 Se conduz a Deus em gratidão
 Por ser sua Mãe.
                                             Olynda Bassan

"Vidas que se acabam a sorrir"


Ao me deitar a música  'Luzes da Ribalta" me veio à mente e com ela vieram os "refugiados". Eu me levantei e teci esta poesia, triste, mas poema.








“Vidas que se acabam a sorrir
 Luzes que  se apagam e nada mais”


Noite fria, já é amanhã, ainda escrevo.
A música me faz  lembrar  dos “refugiados.”
Vidas vão sendo ceifadas pelos mares encapelados.
Ondas se projetam ao céu. Desconhecem o inferno
Das almas que navegam... Nada, é o mais...
Nada deixam... Pátria,  casa...
Nem provedores.  Será que saudades?
Quem sou?  Um errante?  Um rótulo?
Carrego o de “refugiado” Um número.
Expurgo de um nome, de uma identidade
Sem rosto. No meu nada;  estatística.
Sonhos alimento no direito à  VIDA
Um canto  aonde vejam  minha humanidade.
Travessia doída.  Mãos se desprendem como                                     
Laços de fita seccionadas no  sangue da esperança
Rostos que se distanciam, olhares se afastam.
No meio do mar; queima a pele, a alma
Sem alimento, sal em demasia. Massa de gente
Cadê meu menino? Cadê meu pai? Minha mãe?
Cadê minha boneca, minha bola?
Um  nome...uma brincadeira...
Na terra prometida, o meu MANÁ!
Não desisto do meu “TUDO”
Sou GENTE! Sou Esperança!

                                                             Olynda Bassan







27 de ago. de 2015

Noite em poema




                              Noite em poema





 É noite
 Em mim  poemas vazios
 Em linho amarrotado
 Dedos deslizam nas contas de seus  versos
 Nas dobras, nós,  em metades
 Buscando- nos por inteiro
 Braços sedentos
 Asas da paixão
 Abraçam nossos poemas
 Impressos nas lágrimas
 Dos meus olhos solidão.
 Boca úmida, em rima
 De doces beijos, carícia
 Minha alma, poesia plena
 Plana em devaneio de você.
 Na ausência de pele... fantasia

                     Olynda Bassan

25 de ago. de 2015

Mampituba

         








        Mampituba


Longe...bem longe
Lampejos de ti
No olhar de quem o ama
****
Mampituba
Multiplica lua e luares
Prateando a negritude
Descortina suas águas
****
Lúdico! Criança!
No colorido dos balões
Se  diverte, ri; não os alcança
****
Aquarela no entardecer
Pinceladas douradas ao lilás
Você, prisma do Criador
****
Desapego.... o deixar ir
Na corredeira do tempo
Águas passam... contornam pedras
****
Mampituba retrato
Fragmentos de lembranças
Singram em barcos ...saudades
****
Emoção, cores, oração...
Se  faz tela e moldura
Poema e poesia
****
Tu  rasgas  as terras de Torres
Na fertilidade das águas
O “ pólen  que fecunda”
****
Névoa em incenso
Versos de um rio
Sou teu...sou vida.

                     Olynda Bassan





Menina do interior









Menina do interior
Descortina o mundo
Vislumbra o mar
****
Não sabe do mar
Mas sabe do Amar
No cheiro da terra
****
Da relva, do jasmim
Do canto dos pássaros
Conhece bem...
****
Menina do interior
Não sonhe só
Vá amar no mar
****
No caminhar, carícias
Da areia morna
Vento que desalinha
****
Tempero das águas
Acalma sentidos
 Amacia a alma
****
Vista - se da canga leve
Na brisa sensual que sopra
Se veja mulher
****
Menina do interior
Em mim, em você
Anseios... horizonte...caminho

Espelho






                    

                                           Espelho



Ah! Espelho, és implacável!
Vai me diz, vai,  que meus 20, 40 anos
Distantes estão...
Da juventude, linda, graciosa
Luzente! Lembranças...
Entremeio a perdas e ganhos
Do caminho que trilho
Fisgo o que me faz feliz
Faço o entusiasta jogo do  mas..
O dedo entorta, mas aponta o amanhã
A pele enruga, mas a vitalizo com alegria
Prega nos lábios? Que me importa? Sorrio
Síndrome de solidão?
Busco-me companhia.
Não me tiras, o precioso tempo.
Compasso da Sinfonia do meu Deus.
Pequeno, ou longo, não sei...
Mas o suficiente para viver
Intensamente meus instantes
Efêmeros, mas singulares.
Ah! Espelho, espelho meu...
Conhece meu exterior, apenas papel
 De uma alma que acoberta, ainda
Inebriada de amor, o prazer pela vida
 o gosto por vocês.
De mim, nada sabes...


                                    Olynda Bassan

muro, ou ponte







Muro, ou ponte!!!

Saio da copa, da sala, deixo o celular. Sento- me na escada sombreada por muros descascados, esmaecidos pela chuva, pelo tempo. Tomo um drink, sozinha, que me importa? Hoje é sábado. À minha frente um paredão cinza, mas imponente que não me deixa ver as árvores, flores dio Zoológico. Ah! Parede de concreto! Você pode ser meu eu, meu ego aprisionado, contrito, confinado em mim, na luz que não se expande, que não gera calor.. Um obstáculo intransponível, o qual me insere num mundo minúsculo, nesse Universo imenso. Um olhar cerceado, sem sonhos e querer. Ostracismo fincado.
Opa! Vejo uma folha verde - cana de uma amoreira contumaz no seu desejo de crescer na fresta do cimento duro da escada.. Esperança! Há vida neste lugar.
Olho para a pilha de tijolos e penso que ela pode ser o que eu quiser. Por que não?
Projeto nele os paredões de Torres, o arco esculpido pelo tempo, em Capri, as belezas do Brasil, mar e sertões, o lago da minha cidade, a voz da minha vizinha.
As grades marrons? Não mais lembranças de prisão, de isolamento. No meu imaginário me são apoio para escalar e transpor em busca de horizontes, templo de momentos de prazer, de ser feliz, de gratidão. De encontros com pessoas nas quais sentirei o que tenho de melhor e o meu pior. Nas trincas deste reboco, minhas cicatrizes, minhas rugas, marcas de um tempo, que não me espera.... Passa!
Ainda há vontade, ânimo para tornar muros em pontes. Como dizia minha neta " lá vu eeeeuuuu". Nossa! Acabou meu drink e nem percebi. Mas escrevi minha crônica. Tenho roupa no varal...desço as escadas, por ora....
Bom domingo. Abraço da Olynda.

Momento Metrô




Momento Metrô

O vento" tempo" sopra a meu favor e o Universo conspira para que eu o aproveite bem . Observo o mundo, me detenho em detalhes. O metrô da Sé nos proporciona exposições, música, livros... É só enxergar. " Heróis do Clima " fala sobre os pesquisadores sobre as alterações do Clima e dos heróis do Clima no cotidiano, daqueles que andam a pé, de bicicleta, de metrô... Um casal namora sem se lembrar que existe este tal de CO 2.
Mas o fato que me emocionou, foi outro. Entra no metrô, uma senhora, arqueada, cabelo por pintar, raízes brancas que o tempo impõe, apoiada em sua cuidadora. Filha? Neta? Amiga? Quem sabe... Muitos se movimentam para lhe dar o lugar. Lindo, isto! Senta - se, estaciona a sua bengala e a perco de vista. De repente, pelos vãos dos que estão em pé, eu a vejo, fazendo palavras cruzadas, ou, caça palavras, num livrinho amarrotado, com uma grande lupa em mãos. Não será pouco o seu limite de visão, mas ainda assim, lê. Livro, lápis, lupa, palavras, leitura, naquelas mãos frágeis, enrugadas, em meio a celulares e rostos que apenas enxergam seu brinquedo. Quantos a notaram? Perde - se a oportunidade de se encantar, de se modificar com um simples olhar do cotidiano. Abraço da Olynda. Bons olhares.... A semana está só começando...

10 de ago. de 2015

Fitas soltas



                                                                                             fonte Google



          
Fitas soltas


Romance lido em páginas

Amareladas, esmaecidas
Em minh’alma bem guardado
Secreto, vivo, sem espaço
Nem tempo para se findar
Represo em saudades
O encanto de suas palavras
‘ Eu a amo como eu me amo”
Hoje, um amor de fitas soltas
Sem rumo, vagueia ao léu.
Pontas repartidas...longínquas
Não foram laços em nossas almas
Fiapos revestidos de seus
Toques, de nossos momentos
Prazer do que poderia ter sido.
Caminhos diferentes, trilhados.
Tantos anos se passaram...
Eterno amor em desencontro.
Neste “ a amo” não me tens.
.Não há você... qual trama
Que se esgarça ao vento
Eu o procuro nas esquinas
Em vão, Só deslumbro
Um coração choroso, revisitando
O passado, dos sonhos de então.
O tempo será insuficiente para
Esvaziar – me deste lindo amor
Você está. No choro e no sorriso
Largo, em lábios trêmulos
Sentimento infinito bordado
Na fita solitária, guardada.



                                            Olynda Bassan