28 de set. de 2015

Luz e sombras







Luz e sombras
Nas minhas idas ao Centro de São Paulo procuro estar na Sé ao meio dia, para inebriar-me com o carrilhão da Catedral, chamando para a Santa Missa. O som dos sinos, enveredando pelos prédios de concreto, pelos corações dos frequentadores das escadarias, que talvez não mais percebam a poesia, ou choram por ela, me emociona. No interior do templo majestoso me recolho, olho para o meu interior em oração, num diálogo franco com Deus. Mesmo porque Ele me conhece “quando estou de pé, sentada, caída”. Desço as escadarias na leveza do encontro, no sentido de minha existência.
Atravesso a rua junto ao sinal para pedestres. Por segurança? Também. Há outro motivo que me leva a esse lugar. O sinal de pare, e o de seguir têm a imagem da Catedral da Sé. A criatividade do homem é incrível! Bem sugestivo.
Aguça minha vontade de tirar foto. A linguagem da fotografia tem me despertado deslumbramento. E o medo de expor o celular? Embora veja inúmeras pessoas com ele à mão, como se nada fosse lhes acontecer de ruim. Resisto à tentação. Já fui assaltada! A prudência salva e tolhe.
De repente abro o Whatsapp e a foto está lá, com os dizeres da minha filha Path: Sua foto! Faltou o verde! Pena que o dia estava nublado.
Sua delicadeza, em um gesto tão significativo, me deixou agradecida e ao mesmo tempo, um pensamento: Perfeita! O contraste da Luz da Fé, com a Luz que se dilui nas sombras dos nossos “eus”. Temos vários “eus”. Ou, na fala do escritor Paulino Vergetti Neto: “muitas almas.” Uma será carente de luz, de energia.
Na calçada de tantas gentes contemplo o vermelho do sinal e vejo a Fé do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, no Amor Fé que provoca mudanças, que nos transforma em um homem novo. Luz rubra que penetra na alma, aonde o Espírito Santo habita, sem que percebamos. Uma Luz silenciosa, como a brisa que sopra do mar, nos raios dourados do poente. Ela se torna visível pelas qualidades de quem sente Cristo como: “Caminho, Verdade e Vida.” Na ação. No jeito de viver. De sentir o “cheiro de Deus”, como sente o mesmo escritor, Paulino. Que se faz “colo de Deus” ao calçar o sapato do outro.
Sigo em frente, com a silueta  da catedral em verde, dizendo da esperança em unir nosso coração ao coração de Cristo, e nos tornarmos um. A Luz da esperança que vem de Deus, penetrante, com o poder de expandir o amor entre os povos. Nos motiva a ter um olho simples, que vá ao essencial, ao fundamental, como dizia Ignácio de Loyola, na busca de ser feliz! Ilumina, Senhor! Nos dê sabedoria para enxergarmos o essencial, do essencial, em meio a tantas decisões urgentes, para se garantir a cada pessoa um traço humano, digno de filhos. Temos capacidade para interiorizarmos esta Luz, que é de graça, que é de um Amor chamado PAI?
Como ter um “entendimento saudável, límpido, atento” ao sofrimento de tantas almas em mudanças culturais tão aceleradas e imprevisíveis? Volver-se a Ele. Ao Deus que nos anima e mostra caminhos, na espiritualidade que habita em nós, independente de doutrinas e dogmas. Basta acreditar e “deixar a Luz de Deus entrar”.
Obrigada pela foto, filha. Ela foi tirada exatamente no tempo desejado. A Luz da Fé se faz intensa, quando a nossa luz esmaece. Abraço Olynda.

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