3 de jun. de 2016

Maria doce nome



                  

               



                         Maria de tantos nomes



         Um querido amigo espanhol me dizia que o Mês de Maria seria em dezembro, mas nós brasileiros seguimos a tradição de ser em Maio.
Maria de tantos nomes, de tantos amores, de tantas devoções. Vários olhares sobre seu significado na terra, na vida de Jesus: mãe de Deus, nossa mãe ou apenas senhora, mulher. Para os católicos tudo se sintetiza em uma única Maria; a Virgem que sabe ouvir em seu amor infinito de Mãe. À ela a veneração. Ao Cristo a adoração, centro da Fé.
Em seu “magnificat”, Maria exaltou o seu Deus e lhe disse Sim, na Fé de seu coração, no pouco entendimento de sua juventude, mas na grande entrega de sua confiança ao ouvir a voz do Anjo Gabriel, anunciando que seria a Mãe do seu Senhor.
O Sim sempre foi perene na alma de Maria. Esquecendo -se de seu cansaço de sua gravidez, se pôs a caminho para ficar ao lado de sua prima Izabel. Que força tem este “ se pôs a caminho”. Movimento do encontro, no despojar-se de si, estirando a mão ao próximo. Viveu a Fé na ação. Na poeira da estrada, no terreno longo e íngreme, seu pensamento era um só: atender um chamado, a voz do Amor. Apenas este sentimento nos impele a andar, a modificar o nosso interior. A mais bela sensibilidade de ser melhor, de amar mais, de crescer na experiência de Deus. Maria a viveu plenamente , como ninguém, por isso sua alma era encharcada de compaixão, de espírito de justiça, de alegria na Ação Salvífica de seu Filho Jesus. Sua primeira discípula; fidelíssima.
No Evangelho de São João, cap 2, “As Bodas de Caná” Maria assume seu papel de mediadora da humanidade. Um casamento acontece, representando o noivo Jesus e a sua Igreja, a família cristã. Jesus comparece a uma festa em seu momento de alegria, de convivência . Ele se faz um, entre nós, como o cristão que sai à rua, evangelizando com seu jeito amoroso, simpático, generoso, na pertença.
Entrava nas casas, sentava - se à mesa, juntando - se aos humildes, pecadores e necessitados. Seu olhar era nos olhos, para entendê-las e amá-las no seu coração. Nas Bodas de Caná, Jesus nos dá um recado. O cristão deve viver a alegria de se reconhecer Filho de Deus e de ser amado por Ele. Não cabe tristeza em um coração agradecido pela dádiva.
Maria, sempre atenta, percebe que acabou o vinho e não se omite como intercessora dos noivos. Na sua ternura, praticamente pede a Jesus que inicie a sua caminhada de Salvação entre os homens. Quanta obediência, justiça, existe na frase dita por Maria...”Fazei tudo o que Ele vos disser” . A Salvação está inserida neste comunicado de Mãe. Caminho de duas vias, na cumplicidade Ato que se dá no entrelaçamento das mãos; independente das religiões e crenças.
Em nós, a falta dos nossos vinhos: da misericórdia, do silêncio, da partilha, da oração, da alegria, do amor, da compaixão, do zelo pelas coisas de Deus e tantos outros. Cada um sabe o que lhes falta nesse fio de santidade, por onde buscamos a nossa amizade em Deus.
Dulcíssimo nome de Maria, rogai por nós. Daí- nos a graça de um amor filial; nos faça os braços de Maria ao encontro. Mãos na justiça que oprime os desvalidos. Maria, como asas de um pássaro, se faz grande nos agasalhando em nossos frios de alma.
Abraço. Que Maio venha com bênçãos, força e alento.
Olynda Bassan

Homenagem a um olhar




                                   



                                  Homenagem a um olhar

No silêncio do ônibus, apenas em uma das poltronas, se vê um foco de luz, iluminando um pedaço de papel onde rascunho as emoções de um olhar, neste nove de maio, aniversário da minha neta Valentine.
Olhar de Valentine
Seu olhar de criança amante da Natureza teria visto o Sol nascer atrás das copa da árvore, pintando em seus vazios, tons rubros, como se fossem incêndio, expandindo luz e explodindo calor da vida que nascerá há 7 anos.
Seus olhinhos, sorrindo, perceberiam a leveza da borboleta, pousando em flores multicores às margens da rua. Abra, abra a imagem; seja criança por um momento.
Valentine acaricia as pétalas aveludadas das flores e me presenteia com as mais bonitas, dos salpicos de cores, no chão da calçada cinza. Pessoas as esmagam. Valentine as recolhe Olhar sustentável. Jamais apanha uma flor.
Faço do seu olhar, o meu olhar e vou fotografando a sensibilidade desta menina por onde passa. Não poderiam faltar os cachorrinhos, sua paixão. Afaga um a um, tendo a garantia do dono, de que são bonzinhos.. Ainda me faltou a imagem da Lua, que a inebria.
Querida Valentine, chegou a sua vez de receber, logo cedinho o seu café na cama, preparado carinhosamente pelos papais.. O abraço, o bolinho, com vela e tudo, o ramalhete de rosas da vovó Olynda, vindo láaaaaa de Bauru.. Símbolo do meu louvor, do amor incondicional pelos netos. Um jeito de amar.
Minha homenagem a sua docilidade, simpatia e a sua ternura deste coração que se encanta pelas coisinhas simples, encanto na sua vida, que abraça gooostoso.
Grande abraço ao papai Pedro, à mamãe Path pelo sim ao amor, fonte geradora da Valentine e que por ela se doam.
Parabéns, parabéns. Que os anjos te guardem nesta alegria de alma.
Beijo da vovó Olynda ( a vovó amarela) como me chamava, bem pequenina.

Palavras do mundo



  
                                                                                          foto google



                                                            Palavras do mundo


Palavras em remoinhos

pululam pelos espaços vazios
de minha alma de filho.
Nas ausências, me aconchego
na concha do teu perfume;
aroma da mãe.


O mundo abre veios na minha alma,
nas palavras sonhadas, não vividas.
Palavras chorosas. Palavras não ditas.
Grito atrás dos montes, sem eco.
Nas palavras do mundo me escondo
nos labirintos de meus medos.

Só, no meu quarto , na prece que faço,
ouço palavras “ bálsamo”
de minha mãe, como dádiva.
Mãe alma desfaz palavras sofridas;
me abraça na paz. Sinto o amor
materno que é vida, na vida
do teu filho bendito.

Quem faria me perder e me achar;
a não ser tu, minha mãe?

Olynda Bassan.

Nevoeiro







                                             Há vida sob o nevoeiro


         Eu não os vejo.Sob este nevoeiro ouço a vida pulsar no assovio de um operário melancólico saudando um dia frio com sua melodia. Sinto a vida no som da serra, das marteladas, do concreto que se espalha. Não dá para parar a guerra para se consertar o canhão. Não se espera o nevoeiro baixar para se por a caminho. Viver é levar a vida tudo junto e misturado. Bom dia. Um abraço quentinho para começar este dia com cara de inverno, ainda no outono. No Brasil as estações também se intercalam, nos surpreendem. Sem rotina.


                                                                         Olynda Bassan




Por elas







O poema que não quer se calar. Explode da indignação, do inconformismo . Jorra da alma, um tributo "a todas elas", usurpadas de sua dignidade de SER, independente do ponto geográfico em que residem, da roupa, ou maquiagem que usam. São seres humanos. São criaturas. São MULHERES. A vontade, o direito ao não, têm que ser respeitados. É preciso um basta deste insano sofrimento. Hoje, não falo das flores, do nascer do Sol, falo das mortes em vida.

                                                                       Por todas elas”


Nem boneca de luxo, nem de louça.
Boneca de pano sem rosto,
deixada num canto, inanimada,
no olhar dos saltimbancos desprezíveis.

Olhares desalmados
anuviados de valores; pigmentos da
escravatura machista, opressora.

Poema interrompido 
nas palavras sequestradas, os
versos da escolha sonegada;
livro fechado no chão, da boneca 
que não pode SER.

Escrito na boneca de pano ,o
poema visual do horror; exílio 
solitário de uma alma que vagueia
sem paz, sem gozo; no avesso da
lua sem luar.

Desnudo da dignidade, 
um corpo machucado, 
bezuntado pela nódoa; sulco
da dor, inconcebível barbárie,

O silêncio grita em cada
morte indigna de uma boneca
de carne. No peito, o coração pulsante, 
sofre e chora, no manto escuro 
do desamparo.

Quem ouvirá?
Olynda Bassan

Somos momento

Há dias em que o céu não se tinge de dourado
Pão quente não se tem a toda hora.
Nem sempre temos Sol.
A brisa fresca às vezes se vai.
De repente um solavanco, o inesperado. 
De repente uma alegria imensa nos surpreende.
Somos momentos...
Vivê - los em sua plenitude nos faz fortes no crescimento, no sentido da vida .
Dizem que a oportunidade tem cabelo de um lado só. Não a esperemos virar a cabeça...
Abraço da Olynda