O poema que não quer se calar. Explode da indignação, do inconformismo . Jorra da alma, um tributo "a todas elas", usurpadas de sua dignidade de SER, independente do ponto geográfico em que residem, da roupa, ou maquiagem que usam. São seres humanos. São criaturas. São MULHERES. A vontade, o direito ao não, têm que ser respeitados. É preciso um basta deste insano sofrimento. Hoje, não falo das flores, do nascer do Sol, falo das mortes em vida.
“
Por todas elas”
Nem boneca de luxo, nem de louça.
Boneca de pano sem rosto,
deixada num canto, inanimada,
no olhar dos saltimbancos desprezíveis.
Olhares desalmados
anuviados de valores; pigmentos da
escravatura machista, opressora.
Poema interrompido
nas palavras sequestradas, os
versos da escolha sonegada;
livro fechado no chão, da boneca
que não pode SER.
Escrito na boneca de pano ,o
poema visual do horror; exílio
solitário de uma alma que vagueia
sem paz, sem gozo; no avesso da
lua sem luar.
Desnudo da dignidade,
um corpo machucado,
bezuntado pela nódoa; sulco
da dor, inconcebível barbárie,
O silêncio grita em cada
morte indigna de uma boneca
de carne. No peito, o coração pulsante,
sofre e chora, no manto escuro
do desamparo.
Quem ouvirá?
Olynda Bassan
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