27 de ago. de 2015

Noite em poema




                              Noite em poema





 É noite
 Em mim  poemas vazios
 Em linho amarrotado
 Dedos deslizam nas contas de seus  versos
 Nas dobras, nós,  em metades
 Buscando- nos por inteiro
 Braços sedentos
 Asas da paixão
 Abraçam nossos poemas
 Impressos nas lágrimas
 Dos meus olhos solidão.
 Boca úmida, em rima
 De doces beijos, carícia
 Minha alma, poesia plena
 Plana em devaneio de você.
 Na ausência de pele... fantasia

                     Olynda Bassan

25 de ago. de 2015

Mampituba

         








        Mampituba


Longe...bem longe
Lampejos de ti
No olhar de quem o ama
****
Mampituba
Multiplica lua e luares
Prateando a negritude
Descortina suas águas
****
Lúdico! Criança!
No colorido dos balões
Se  diverte, ri; não os alcança
****
Aquarela no entardecer
Pinceladas douradas ao lilás
Você, prisma do Criador
****
Desapego.... o deixar ir
Na corredeira do tempo
Águas passam... contornam pedras
****
Mampituba retrato
Fragmentos de lembranças
Singram em barcos ...saudades
****
Emoção, cores, oração...
Se  faz tela e moldura
Poema e poesia
****
Tu  rasgas  as terras de Torres
Na fertilidade das águas
O “ pólen  que fecunda”
****
Névoa em incenso
Versos de um rio
Sou teu...sou vida.

                     Olynda Bassan





Menina do interior









Menina do interior
Descortina o mundo
Vislumbra o mar
****
Não sabe do mar
Mas sabe do Amar
No cheiro da terra
****
Da relva, do jasmim
Do canto dos pássaros
Conhece bem...
****
Menina do interior
Não sonhe só
Vá amar no mar
****
No caminhar, carícias
Da areia morna
Vento que desalinha
****
Tempero das águas
Acalma sentidos
 Amacia a alma
****
Vista - se da canga leve
Na brisa sensual que sopra
Se veja mulher
****
Menina do interior
Em mim, em você
Anseios... horizonte...caminho

Espelho






                    

                                           Espelho



Ah! Espelho, és implacável!
Vai me diz, vai,  que meus 20, 40 anos
Distantes estão...
Da juventude, linda, graciosa
Luzente! Lembranças...
Entremeio a perdas e ganhos
Do caminho que trilho
Fisgo o que me faz feliz
Faço o entusiasta jogo do  mas..
O dedo entorta, mas aponta o amanhã
A pele enruga, mas a vitalizo com alegria
Prega nos lábios? Que me importa? Sorrio
Síndrome de solidão?
Busco-me companhia.
Não me tiras, o precioso tempo.
Compasso da Sinfonia do meu Deus.
Pequeno, ou longo, não sei...
Mas o suficiente para viver
Intensamente meus instantes
Efêmeros, mas singulares.
Ah! Espelho, espelho meu...
Conhece meu exterior, apenas papel
 De uma alma que acoberta, ainda
Inebriada de amor, o prazer pela vida
 o gosto por vocês.
De mim, nada sabes...


                                    Olynda Bassan

muro, ou ponte







Muro, ou ponte!!!

Saio da copa, da sala, deixo o celular. Sento- me na escada sombreada por muros descascados, esmaecidos pela chuva, pelo tempo. Tomo um drink, sozinha, que me importa? Hoje é sábado. À minha frente um paredão cinza, mas imponente que não me deixa ver as árvores, flores dio Zoológico. Ah! Parede de concreto! Você pode ser meu eu, meu ego aprisionado, contrito, confinado em mim, na luz que não se expande, que não gera calor.. Um obstáculo intransponível, o qual me insere num mundo minúsculo, nesse Universo imenso. Um olhar cerceado, sem sonhos e querer. Ostracismo fincado.
Opa! Vejo uma folha verde - cana de uma amoreira contumaz no seu desejo de crescer na fresta do cimento duro da escada.. Esperança! Há vida neste lugar.
Olho para a pilha de tijolos e penso que ela pode ser o que eu quiser. Por que não?
Projeto nele os paredões de Torres, o arco esculpido pelo tempo, em Capri, as belezas do Brasil, mar e sertões, o lago da minha cidade, a voz da minha vizinha.
As grades marrons? Não mais lembranças de prisão, de isolamento. No meu imaginário me são apoio para escalar e transpor em busca de horizontes, templo de momentos de prazer, de ser feliz, de gratidão. De encontros com pessoas nas quais sentirei o que tenho de melhor e o meu pior. Nas trincas deste reboco, minhas cicatrizes, minhas rugas, marcas de um tempo, que não me espera.... Passa!
Ainda há vontade, ânimo para tornar muros em pontes. Como dizia minha neta " lá vu eeeeuuuu". Nossa! Acabou meu drink e nem percebi. Mas escrevi minha crônica. Tenho roupa no varal...desço as escadas, por ora....
Bom domingo. Abraço da Olynda.

Momento Metrô




Momento Metrô

O vento" tempo" sopra a meu favor e o Universo conspira para que eu o aproveite bem . Observo o mundo, me detenho em detalhes. O metrô da Sé nos proporciona exposições, música, livros... É só enxergar. " Heróis do Clima " fala sobre os pesquisadores sobre as alterações do Clima e dos heróis do Clima no cotidiano, daqueles que andam a pé, de bicicleta, de metrô... Um casal namora sem se lembrar que existe este tal de CO 2.
Mas o fato que me emocionou, foi outro. Entra no metrô, uma senhora, arqueada, cabelo por pintar, raízes brancas que o tempo impõe, apoiada em sua cuidadora. Filha? Neta? Amiga? Quem sabe... Muitos se movimentam para lhe dar o lugar. Lindo, isto! Senta - se, estaciona a sua bengala e a perco de vista. De repente, pelos vãos dos que estão em pé, eu a vejo, fazendo palavras cruzadas, ou, caça palavras, num livrinho amarrotado, com uma grande lupa em mãos. Não será pouco o seu limite de visão, mas ainda assim, lê. Livro, lápis, lupa, palavras, leitura, naquelas mãos frágeis, enrugadas, em meio a celulares e rostos que apenas enxergam seu brinquedo. Quantos a notaram? Perde - se a oportunidade de se encantar, de se modificar com um simples olhar do cotidiano. Abraço da Olynda. Bons olhares.... A semana está só começando...

10 de ago. de 2015

Fitas soltas



                                                                                             fonte Google



          
Fitas soltas


Romance lido em páginas

Amareladas, esmaecidas
Em minh’alma bem guardado
Secreto, vivo, sem espaço
Nem tempo para se findar
Represo em saudades
O encanto de suas palavras
‘ Eu a amo como eu me amo”
Hoje, um amor de fitas soltas
Sem rumo, vagueia ao léu.
Pontas repartidas...longínquas
Não foram laços em nossas almas
Fiapos revestidos de seus
Toques, de nossos momentos
Prazer do que poderia ter sido.
Caminhos diferentes, trilhados.
Tantos anos se passaram...
Eterno amor em desencontro.
Neste “ a amo” não me tens.
.Não há você... qual trama
Que se esgarça ao vento
Eu o procuro nas esquinas
Em vão, Só deslumbro
Um coração choroso, revisitando
O passado, dos sonhos de então.
O tempo será insuficiente para
Esvaziar – me deste lindo amor
Você está. No choro e no sorriso
Largo, em lábios trêmulos
Sentimento infinito bordado
Na fita solitária, guardada.



                                            Olynda Bassan