23 de set. de 2018

Arte como denuncia


. Sábado, dia 22/9/2018

 Arte como denúncia 


Manhã, na Estação das Artes, na própria arte.
Caminhamos pelos trilhos da História nas fotos do artista Antônio Carlos Rampazzo. Conhecer Rampazzo é entrar em contato com a Cultura, com um garimpeiro do belo. Com o seu olhar, com suas mãos, com cheiros e sabores nos revela sua essência artística. Esta corre em suas veias como sangue. Ela o nutre na inspiração no luar, nas madrugadas, no Sol do meio dia. Sua biografia nos enche os olhos de cores. Confira...
Ao percorrer o itinerário das fotos, senti a alma de um “profeta”. Em cada foto um fragmento de DENÚNCIA. O que fizeram com a nossa História? Ali não eram apenas tijolos sobrepostos, não eram trilhos em perspectivas, embora em paralelas. As telhas abrigavam nomes, pessoas, almas apaixonadas pela ferrovia, momentos de vida borbulhante, economia de um povo, embarques e desembarques, onde sorrisos e lágrimas se misturavam nas plataformas das estações.
Nas lentes de Rampazzo, reflexão, sim. Dependendo da vontade política, da cultura dos administradores das cidades, algumas estações são linhas contínuas da História, outras foram saqueadas, desmontadas pelo vento, pelas tempestades do descaso.
Parabéns, Antônio Carlos Rampazzo. Obrigada por partilhar conosco sua sensibilidade, sua indignação, sua arte, A fotografia, assim como a palavra, o pincel, a encenação, a voz... são armas que o artista usa para se inserir nos sonhos de mudança deste mundo carente de tantas ações. que nos fariam mais felizes.
Convido as escolas, ( sábado passou por lá um grupo de alunos da escola Dinâmico) para visitarem a exposição. Convido você que ama a História, o belo, a criticidade também. Prestigiem e vibrem com a arte, deste artista renomado.
Olynda Bassan

19 de set. de 2018

Um pingo pode ser uma crônica

Voltei.
Celebrando meus cinco anos de escrevinhadora, ofereço este texto aos queridos leitores que me seguem carinhosamente.
Refletindo cenas do cotidiano... Era 19 de setembro de 2013 – São Paulo.
“ E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”. (Toquinho)
Era quinta-feira à noite. Participava de uma missa, ocupando um banco do meio da igreja para trás.
Dois bancos à frente via uma mãe com uma criança lindinha, aparentando uns dois aninhos, esperta que só ela, mais outra mulher que me parecia ser parente e duas criança maiores, 9, 10 anos,. Usavam tiaras, laços no cabelo – vaidosas. À minha esquerda, na mesma direção do grupo anterior, outra jovem mãe com uma filha loirinha de cabelos encaracolados, caprichosamente presos com um laço de fita, combinando com o vestido rosa. Linda!
O que teria de tão diferente nas duas cenas? Afinal o cenário era montado por mães e crianças – na missa.
Cena 1
A filha de uns 5 anos, a loirinha, trazia em suas mãos um tablete também rosa. De costas para o altar, sentada da maneira mais confortável possível, ou deitada, quando se cansava, absorta no seu mundinho, tendo como companhia os seus jogos. O dedinho deslizava sobre a tela que lhe iluminava o rosto. com rapidez. A mãe, em pé, olhava em direção ao altar. Uma vez ou outra se voltava para a filha. Afinal, estava quieta, não atrapalhava ninguém. Não precisava acalmar a inquietude da menina. Nem responder a tradicional pergunta: “já acabou?” “Falta muito?”. Nem sentiu a delícia da pele suave, em sua pele, os bracinhos repousados em sua cintura. Já perceberam como as crianças se aconchegam ao corpo dos pais, quando frequentam os eventos? Um grude! Em um certo momento a mãe se sentou e os cachinhos da cor dos trigais repousaram no colo materno, rapidamente. Voltava ao seu interesse maior, logo depois.
Enquanto, distraída do mundo, resolvia apenas os conflitos dos joguinhos e não nos seus, a criança lindinha de dois anos, saiu do colo da mãe, atravessou o corredor e foi se aproximando da sua vizinha. “ Criança chama criança” Olhava, sorria e nada de um olhar de volta. Não contente, entrou no vão do banco, aproximando-se ainda mais, ficando lado a lado, mas a sua presença não chamava mais atenção do que aquela tela retangular iluminada. “Que menininha séria, deve ter pensando com os seus lacinhos”. Olhou...olhou e desistiu. Voltou para o lugar de antes. Tinha mais o que fazer.
Enfim, o tempo passou, quase no final da celebração, a face rosada deixou de ser iluminada pela luz branca. A menina linda, linda se rendeu e descansou num colinho macio, com direito a cafuné.
Cena 2
Ocupavam dois bancos. As meninas maiores auxiliavam no cuidado com a pequena, pois esta, queria explorar o espaço imenso. Maior lhe parecia, no seu tamaninho. Enchiam a chuquinha de água, acompanhavam nas andanças da “pecorrucha”, uma vez ou outra conversavam, riam ao pé do ouvido, no sussurro. Estavam em uma igreja. Se passassem dos limites, a mãe olhava para trás e lhes pedia silêncio. Conflitos a serem resolvidos têm em qualquer lugar. De repente, ficavam todas em linha com as mães. Brotavam abraços, mãos roçando as costas com carinho, afagando os cabelos, ao mesmo tempo que rezavam.
A pequena, enfim, sentiu sono. Ora a mãe, ora a tia a embalavam. As primas ajeitavam o brinquedinho fofinho, para que se sentisse aconchegante em seu soninho. Recostada no ombro da mãe, adormeceu.
A família se interagia no próprio eixo de olhares e sorrisos.
Ah, acho que nem preciso dizer....
Mãos livres acolhem, sentem, tocam, descobrem, comunicam...
enxergam...
Não pensem que deixei de rezar, de louvar, agradecer, de pedir perdão. Nada disso. É que para o olhar de uma cronista – um pingo é uma crônica rs
Olynda Bassan

12 de set. de 2018

Momento especial




            
 Momento mais que especial....

Lançamento do meu Primeiro Livro..

                         
                                       " Alma em Versos"


           05/10/2018      Bauru


                   Data inesquecível

Símbolo - uma linguagem...


Símbolos...
O nosso querido e saudoso Padre Jesus explorava os símbolos, em suas celebrações. Repetia sempre que “o visível revela o invisível”. Os sentimentos da alma; quer sejam pétalas em ternura, em amor, oração ou espinhos das angustias, da raiva, da aridez, se manifestam no corpo que fala em expressões e gestos. Um laço, para quem ama, vem amarradinho de valores. Vai além de uma fita de cetim. Uma flor...
Na espiral do meu amor pela família, amigos e até pelos amigos que se desapegam, crio símbolos para contar do espaço imensurável que ocupam em mim. Não leem minha alma à distância, mas podem quantificar nos cinco sentidos, a oferenda de um coração.
A rosa da lembrancinha do nascimento da Valentine - o vaso vazio - a floreira vazia, não são decorações da minha cozinha. Lavo, cuido para que a sombra da poeira não os ofusque. Deixo o vaso, a floreira sem flores e o frasco vazio. São possibilidades...é a espera pelo belo. É esperança. É vida que será preenchida, no cotidiano.
Na penumbra do amanhecer eu enxergo nestes símbolos, meus netos desbravando caminhos, plantando flores, colorindo o mundo na energia do crescimento. Nos meus lábios uma prece por todos eles. É manhã...
Neste final de semana, minha reflexão especial é para a Valentine, na celebração de sua primeira comunhão.
Esta pequena está enchendo sua talha de águas do Espirito, do Amor do Jesus Menino, do Melhor Vinho. Que imagem linda!!!!! Que símbolo!!!!! Ela, de mãozinhas postas, no silêncio orante, de joelhos dobrados, nos emocionou e nos disse que ela conhecia e acolhia quem a estava visitando. Era só Ele e ela, naquele momento. Era o vaso vazio sem tampa, predisposto ao NOVO, à VIDA, em abundância. Sua conversa com Jesus por certo foi uma delícia e deixou o Cristo bem alegre. O papo foi longo. “Vinde a mim as criancinhas.” E Valentine abria espaço para Jesus habitar em seu ninho fofinho.
A Família fez um coro vivo em torno da Valentine, na voz dos Anjos da Guarda. Os priminhos a abraçavam no carrossel da alegria. É tanto amor entre eles, extasia. E Cristo aí está. Ah, o papai Pedro, a mamãe Path externavam a admiração pelo fruto gerado. O afeto imenso na emoção da face, na luz do olhar, na voz que entoava os cânticos da celebração. A criança se deixou aflorar. Amor infindo, que explode o peito.
Tudo foi Graça! Lemos os símbolos no encontro da família, na celebração da Catedral Anglicana. E sorrimos porque TUDO era bom.
Gratidão...Pedro, Path, Valentine. Continuem, perseverem em oração.
É símbolo...
Não é objeto...
É amor...
Olynda Bassan

Museu Nacional - Homenagem

Minha homenagem...Museu Nacional
No meu verso...um lamento...
Queimei...queimaram-me
Sou cinzas...sem Fênix
Sucumbia...ignoraram-me
Gritei...fizeram-se de surdos
Denunciei...mãos encolhidas
Socorro...Cultura sem voz, nem vez.
Resisti...como um mandacaru
Feneci...no descaso dos homens
Suspiros embevecidos...calaram-se
Tesouro esplendoroso... desvalido
Soluços enegrecidos...fumaça, silêncio
Lágrimas incandescentes...minha face desfigura
Beleza...eu a tinha num semblante majestoso
Em cada canto ... um encanto da História.
Desolação...em cada fagulha que se apaga
Esforço, pesquisa... arquivo da humanidade
Águas destroem sementes e frutos... escuro deserto
Me resta o luto...às sombras da Ciência
Labaredas...serei luz para preservação de outros?
Hoje a bem-te-vi não cantou nas Palmeiras Imperiais
A chama crepitante não aquece os pesquisadores
nas noites frias das florestas e nas escavações gélidas.
Ilumina os destroços da angustia cultural inenarrável.
Restauração...novo teto, novas tintas...apenas moldura
Acervo irrecuperável...folhas mortas,
quebradiças pelos pés daqueles que
esmagam a escrita, a Cultura de um povo.
o enredo da História mundial.
No arquivo vivo que se foi...não verei a Fênix.
ganhando o céu com a envergadura de suas asas.
“Agora é cinza, tudo acabado e nada mais...
o sopro do passado se desfaz
Eu chorei”... Saudade...
Olynda Bassan