27 de mar. de 2015

Cortinas se fecham

                 

                       Fecham-se as cortinas...


Diante da imagem de uma  linda cortina, anunciando o final do dia, o poeta José Estanislau Filho, nos convidou a escrever sobre o tema, como desafio. Resolvi encarar a proposta. Publico o poetrix


                   Fecham –se as cortinas...




  Colunas de luz

  Poente em dourado
  Penumbra ...
  ****
  Olhares imantados
  Mãos que se buscam
  Acordes em desejo
  ****
  Falas de amor...
  Deixo-me tocar
  Nas notas de você
  ****
  Rítmo que enlouquece
  desnuda, me despe
  de mim mesma
  ****
  Seu olhar se faz mão..


  Desliza em espumas de carícias

  Alisa corpo e alma
  Beleza nua, em harmonia
   ****
  Linda! Mulher!
  Segredos se “descortinam”
  Em sensual melodia
  ****
  Seu olhar se faz boca...


  Beijos em delícias

  Canto tão meu, tão seu
  Tão íntimo
  ****
  Penumbra...
  Corpos dourados , extasiados
  Volúpia de prazer! Sinfonia
                                                                                                                olyndabassan

No azul do meu olhar

                          

No azul do meu olhar

     



 Navega amor, no silêncio

  Das águas do meu olhar
  No azul mar, ondas
  Mansas a quebrar
  É canto  da minha paz



  Emoções em profusão

  No meu corpo canção
  Minha alma  ama...
  É só dançar, brincar
  No braço deste mar


  Meu devaneio ao luar

  Na penumbra, desejos...
  Bailo calma em ti
  Baila amor em mim


  Na sedução anil

  Visto- me  de cristais  azuis
  À espera de sua luz
  Refletida em arco- íris
  Beijando  espumas das águas
  No prisma do meu olhar

olyndabassan

Chuvas de mim




                   

                              

                 


                   O galo não canta, mas o Poetrix me acorda. 

                

                            Chuvas de mim
    



  É madrugada, chuva pesada

  Enigmas em minha alma
  Lava - me
   ****
  Chuva se derrama intensa
  Coração intenso palpita
  "Alma-me"
   ****
  Gotas em cristais
  Delicadas, translúcidas
  Cristalizam - me em amor.
    ****
  Som forte, águas de fevereiro
  De esperança, desejos...
  Encharca meu chão.
  ****
  Chuva, sono, um olhar...
  Entrelaçados no gosto
  De grafar palavras
                                                           


                                             Olynda Bassan

Somos...um dia.

               Somos..." um dia"

     Reflexão....

Somos "um dia"...
No final da tarde, saindo para uma reunião vislumbro um pôr do sol único, dourado, sem uma nuvem para lhe tirar o esplendor.Difundia ouro para todo o universo dos meus olhos. Tendo a tecnologia à serviço das minhas emoções cristalizei aquele momento em que eu não poderia pensar...um dia eu fotografo. Não teria jamais o dourado do astro Sol que se despedia.
Entre legumes e frutas, eu me encontro com um amigo sem brilho no olhar. Depois do abraço lhe pergunto: Está triste? "um pouco". Quer falar da sua tristeza? " um dia eu lhe conto", com sorriso amarelo e ainda cabisbaixo. Que pena! Deixou passar uma partilha, um abrir o coração que nos alivia a angustia. Uma pausa para ser amado. Fui me enveredando pelas gôndolas e refletindo..." Somos, um dia". Três palavras que tocaram minha alma. O porquê, não sei bem.
Nós postergamos momentos felizes porque um dia seremos... Não tomamos decisões que nos dariam paz, porque temos o amanhã. Temos mesmo? Somos senhores do tempo? O perdão nos concederia leveza, mais saúde física, espiritual...um dia quem sabe... Hoje está frio, está calor demais, outro dia começo academia, a caminhar. Amanhã rezarei. Depois procuro pelo espírito Ah... o sempre o depois.
Um afeto, uma palavra carinhosa, um olhar doce naquele momento teria salvo um relacionamento, de amor, de amizade.
Uma viagem mudaria meu foco na vida. Desprendimento, alegria, conhecimento, amizades, deslumbramento pela criação de um Deus que me ama. Eu O amaria em cada fragmento do Universo.
O filho passa mais de 20 anos com desejo de conversar com o pai, que se distanciou por uma traição, não perdoada, um diiaaa o procuro. E chorou no dia da sua morte.
Se me levanto com ideias, emoções querendo nascer, explodindo em meu peito, a casa fica para depois... ( como agora rs) sentimentos passam...um dia não existe... "E a hora do parto, tem que se respeitar" deixar nascer.
Se eu tivesse dito sim. Se eu tivesse dito não... Um dia...

(fragmento da crônica..."Somos um dia")
olyndabassan



 "Uma cama sem limites" Paulino Vergetti Neto

                                                                                         




        Resenha do  Livro “Numa cama sem limites” de Paulino Vergetti Neto
            Uma resenha espontânea, sem crivo e conhecimento do autor. Sensações, reflexões sobre um bom livro, uma boa leitura.
          Eu a escrevo com palavras e sentimentos que são alma e  coração. Nada técnico. Palavras!!! Quando as quero plenas elas me parecem frias e vazias no muito que gostaria de dizer desta obra de Paulino Vergetti Neto. Eu a ofereço como um “mimo”, querido amigo. É sempre um prazer saborear seus escritos
        Tive o privilégio de ser a primeira a ler o “Numa cama sem limites”.

        Paulino Vergetti Neto  escritor com estilo próprio, corajoso, desafiador, desafiante, que se lança de corpo e alma a projetos onde o entendimento da alma dos personagens sempre será o cerne do enredo.   Deixa “ o que vão falar” em nome da ousadia de provocar  reflexões sobre o comportamento humano “santo e pecador” nos meandros de suas sombras e luzes, uma das características pontuais em suas obras. Constantemente resgata a alma em seus transes,  doentes, e a quer feliz.  O romancista tem a sensibilidade que nos comove e constrói.
       Em seu mais  novo lançamento” Numa cama sem limites” foi fiel ao título. Ele o teceu sem limites, sem preconceitos,  sem sombreamento nas palavras na volúpia de seus personagens. Um livro erótico, o qual descreve  com todos os is, esses e erres o relacionamento sedução  na “linguagem” erótica, nada angelical contextualizada na história, instigante, provocativa.  Quando pensamos que já vimos de tudo, ele nos surpreende com fatos novos, inenarráveis neste espaço.   No avançar  da leitura desvendamos em seus personagens o amor “ágape” bem como o filos,   exacerbados na mesma medida. Se assim não fosse, não seria obra de Vergetti. Leitor de nossos silêncios, de nossas almas, de nossos desejos. Digo que ele é um garimpeiro  de sentimentos.
        Paulino vai tocando o corpo, dilatando os poros onde vertem as mais inusitadas, arrojadas fantasias sexuais entre os casais, suas trocas de parceiros, numa pretensa  liberdade consentida entre os  envolvidos, às claras, em confiança mútua. No palco, do teatro ficção, se apresenta a natureza humana, com todas as emoções desconcertantes, que transcendem à razão “ do pacato cidadão”.
       Vem à tona o conflito entre ser conservador nos costumes, valores caseiros enraizados na criação familiar, religião, crenças quanto ao  que nos faz feliz e, entre o vale tudo para conquistá-la.    Qual é o limite deste voo,  para que não nos percamos da referência do que somos,  em nome da modernidade.  A leitura de “Numa cama sem limites” será provocador neste sentido. Não seremos os mesmos  depois de bebermos sua essência, além do erótico. O autor não se coloca no status “assexuado” diante do romance.  Ele  se desnuda, como em outros romances de sua autoria e partilha sua experiência de prazer ao escrevê-lo, estimulando  o leitor a sentir o mesmo, a se conhecer.  Espírito, corpo, psíquico, humano, divino. Somos tudo isto. Como negar? Cada um expressado em sua singular linguagem. Assim os personagens vão construindo suas histórias.
         O romancista Paulino além do sexo insaciável de seus personagens,  nos presenteia  páginas e páginas onde o sexo forte e contundente, cede espaço ao amor,  reflexão,descrito em frases poemas,  nas quais afloram emoções, ternura, como estas.´: “ O amor consegue juntar as pessoas e é difícil separá-las. O prazer de servir e ser servido chega com força da cumplicidade e a mulher olha o homem e ele retorna o olhar e procuram ser felizes”... “ Minha mulher era  a minha outra alma.” E assim vai nos encantando.
         Na segunda parte do livro, em um rico  apelo psicológico,  relata a esquizofrenia  de uma das personagens com muita doçura, compaixão, quando ela sai de si mesma, dando espaço à doença que a consome, a desestrutura  como mulher,  como ser pensante, não mais a possibilitando que ame seu marido com todas as suas forças de amante.  Ela é o seu próprio mundo desabando. Na solidão de si mesma ela diz à sua mãe. “ Mãe às vezes eu me acho tão sozinha que eu até procurando minha alma eu não a encontro e por isso procuro o meu corpo. Esse eu sempre acho”. “Na minha doença desaprendo de viver.” O marido desolado, sofre,  pois o “amor não suporta a decadência do ente querido”. Neste episódio dolorido o autor questiona até que ponto a violação dos nossos princípios; nossa mente suporta. Não seria peso demais para os nossos ombros? Transformar -se    a partir de coerências e respeito pelo nosso verdadeiro “eu”. O “eu” da nossa essência o “eu” do equilíbrio: mente, coração, emoção, razão. O desafio de todos os dias. Paulino faz isto com maestria e nos põe a pensar nas desconstruções e  reconstruções de nossas casas interiores. Que viga angular a personagem  não deveria ter derrubado. Há enigmas entre o passado e o presente, como um labirinto desenhado no baú desconhecido do nosso inconsciente. Lendo o livro o leitor tomará  ciência do fato que a fez desmoronar bem como seu desalento perene.
      Interessante o jeito de escrever de Paulino Vergetti Neto.  Ele vai tramando, onipresente, um  diálogo entre o autor, narrador e leitor sem perder a cadência da história, sem quebrar o ritmo, a sonoridade do enredo. Ele resgata o leitor do sofá e o coloca dentro do livro, num acolhimento singular, fazendo-o próximo de si. Dá vontade de responder às suas  indagações,manter um bate papo.. então... Paulino....rssr
     “Numa cama sem limites” prende, fascina o leitor ao saboreá-lo.  Há de ser lido sem preconceitos, sem o julgar por julgar, numa ficção onde se enxerga além das palavras, além da propositura natural de um livro erótico. Nele há o SER pleno com  desejos desenfreados de alguns, comedidos de outros .O ser humano não se repete, nem a ele próprio. A ação  dos personagens jamais faríamos por princípios, pelo jeito de enxergar a vida, por instintos morais, valores, mas pertencem a eles. No VER validei meus sentimentos, não os reprimi. No JULGAR eu o li  como leitora. Deixei a Olynda mulher do lado de fora.  Sentei-me na plateia,  e não perdi uma cena da peça bem escrita e produzida.   No AGIR  A este eu risco a estrada com o prazer na verdade  que me convier.
     ‘Numa cama sem limites”,  um livro tecido com esmero, cuidado, carinho de um escritor perfeccionista em respeito aos seus leitores. Este é Paulino Vergetti Neto. Nesta primeira leitura muito refleti, muito questionei,  emocionei-me, me senti algumas vezes.
     Sucesso amigo Vergetti. Nós leitores seremos gratos por mais uma obra enriquecedora da Literatura Brasileira. Enriquecedora de nós mesmos.
                             Olynda Ap. Bassan Franco

 
   
olyndabassan
Enviado por olyndabassan em 12/01/2015
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