28 de set. de 2015

Valsando com os meus pontos







Valsando com os meus pontos
..
.Sou reticências... estou

No antes e no depois do meu
Instante alma/emoção.
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Ponto final? Ele se move
Em meio às sombras dos 
Meus apegos reticentes.
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Não me defino: procuro
Nos meus dois pontos
A síntese do que sou.
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Vírgula, amiga de mim
Um respirar fundo; dar sentindo
De novo a paz.
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Sou ponto de exclamação!!!
Apaixonada pela vida vibrante
Nas entranhas pulsa poesia
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Interrogação? Mil perguntas
Preciso de todas as respostas?
Se nos parcos pontos, me sinto feliz?
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Sou hífen: junção do velho e do novo
Ponte entre o linear e a ousadia
Pitada de loucura, tempero da vida!

Olynda Bassan

Luz e sombras







Luz e sombras
Nas minhas idas ao Centro de São Paulo procuro estar na Sé ao meio dia, para inebriar-me com o carrilhão da Catedral, chamando para a Santa Missa. O som dos sinos, enveredando pelos prédios de concreto, pelos corações dos frequentadores das escadarias, que talvez não mais percebam a poesia, ou choram por ela, me emociona. No interior do templo majestoso me recolho, olho para o meu interior em oração, num diálogo franco com Deus. Mesmo porque Ele me conhece “quando estou de pé, sentada, caída”. Desço as escadarias na leveza do encontro, no sentido de minha existência.
Atravesso a rua junto ao sinal para pedestres. Por segurança? Também. Há outro motivo que me leva a esse lugar. O sinal de pare, e o de seguir têm a imagem da Catedral da Sé. A criatividade do homem é incrível! Bem sugestivo.
Aguça minha vontade de tirar foto. A linguagem da fotografia tem me despertado deslumbramento. E o medo de expor o celular? Embora veja inúmeras pessoas com ele à mão, como se nada fosse lhes acontecer de ruim. Resisto à tentação. Já fui assaltada! A prudência salva e tolhe.
De repente abro o Whatsapp e a foto está lá, com os dizeres da minha filha Path: Sua foto! Faltou o verde! Pena que o dia estava nublado.
Sua delicadeza, em um gesto tão significativo, me deixou agradecida e ao mesmo tempo, um pensamento: Perfeita! O contraste da Luz da Fé, com a Luz que se dilui nas sombras dos nossos “eus”. Temos vários “eus”. Ou, na fala do escritor Paulino Vergetti Neto: “muitas almas.” Uma será carente de luz, de energia.
Na calçada de tantas gentes contemplo o vermelho do sinal e vejo a Fé do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, no Amor Fé que provoca mudanças, que nos transforma em um homem novo. Luz rubra que penetra na alma, aonde o Espírito Santo habita, sem que percebamos. Uma Luz silenciosa, como a brisa que sopra do mar, nos raios dourados do poente. Ela se torna visível pelas qualidades de quem sente Cristo como: “Caminho, Verdade e Vida.” Na ação. No jeito de viver. De sentir o “cheiro de Deus”, como sente o mesmo escritor, Paulino. Que se faz “colo de Deus” ao calçar o sapato do outro.
Sigo em frente, com a silueta  da catedral em verde, dizendo da esperança em unir nosso coração ao coração de Cristo, e nos tornarmos um. A Luz da esperança que vem de Deus, penetrante, com o poder de expandir o amor entre os povos. Nos motiva a ter um olho simples, que vá ao essencial, ao fundamental, como dizia Ignácio de Loyola, na busca de ser feliz! Ilumina, Senhor! Nos dê sabedoria para enxergarmos o essencial, do essencial, em meio a tantas decisões urgentes, para se garantir a cada pessoa um traço humano, digno de filhos. Temos capacidade para interiorizarmos esta Luz, que é de graça, que é de um Amor chamado PAI?
Como ter um “entendimento saudável, límpido, atento” ao sofrimento de tantas almas em mudanças culturais tão aceleradas e imprevisíveis? Volver-se a Ele. Ao Deus que nos anima e mostra caminhos, na espiritualidade que habita em nós, independente de doutrinas e dogmas. Basta acreditar e “deixar a Luz de Deus entrar”.
Obrigada pela foto, filha. Ela foi tirada exatamente no tempo desejado. A Luz da Fé se faz intensa, quando a nossa luz esmaece. Abraço Olynda.

21 de set. de 2015

Entorces








      Pois eu falei para minha sandália: Amanhã estará na minha crônica.
Sandália de “dedão”, não me pega os calos, salto baixo, grosso, tudo nela indica conforto. Puro engodo. Uma sandália que o “Zé” aprovaria. Aqui em casa é assim. A cada salto alto comprado, alguém diz...” d. Olynda o Zé não vai gostar.” Ter filho fisioterapeuta é fogo, e uma benção!
Passei o dia, andando pra lá e pra cá, mas percebia que a danada da sandália não se adaptava porque virava, dando pequenos” entorces” no pé. Não dei a atenção devida. Ontem eu a coloquei novamente. Combinava com minha saia. Meu organismo reagiu aos maus tratos. De repente não conseguia colocar o pé no chão. A dor era intensa! Inflamado, parecia um pão bem crescido. Dirigir, um martírio! Rezava para que todos os sinais estivessem abertos. Lógico que tal fato não aconteceu.
Em casa me jogo no sofá, mas não há posição que alivie a dor, que queima e arde. Tenho mal estar, suor frio, ânsia pela dor. Tomei um relaxante muscular corriqueiro e gelo. A partir daí o meu sobrenome seria gelo. O “Ze me passou as orientações e fiquei quietinha. Mudanças nos planos. Nada de vôlei, acompanhada pela neta, nada de faxina.
Na presença da dor nos visita o desamparo, a solidão. Respiro fundo e digo a mim mesma: Calma, vai passar.
" Os pés imitam a vida. A vida imita os pés". Vivemos em situações de desconforto as quais não nos são mais prazerosas, e não damos um passo para trocar de sapato, em situações corriqueiras do cotidiano.
Na sessão gelo, escrevi ...
Bom final de semana. Abraço Olynda, já melhor.

13 de set. de 2015

Vida Celebrada

Vida Celebrada 



Três filhos singulares. Três poesias peculiares.
Não conseguiria reproduzir um verso escrito anteriormente. 
 Cada filho, um seu jeito de ser, entrelaçado no mesmo elo do AMOR
Elô, este é seu ! ( a do meio)  Parabéns minha querida.


      

 Vem setembro, parto em flor
 Pólen ao vento se espalha...
 Vida em fecundidade
 ****
 Vibra de contentamento
 Meu útero ninho
 Eu, você um só tecido
 ****
 Segundo filho, vive a
 Extravagância no amor
 Em continuidade, Você
 ****
 Chega suave, pequenina
 Com tantas dobrinhas magrinhas
 Pele de pêssego, emoção!
 ****
 Olhos verdes, esmeralda
 Joia incrustada na alma
 Onde as palavras não explicam
 ****
 Eloisa, nossa Elô, cresce
 Em graça, sorriso contagiante
 Corajosa, risca caminhos
 ****
 Hoje, “nosso” coração se faz poesia
 Entrelaça nas palmas e na melodia
 Do Parabéns a você
 ****
 Seu rosto/Alma desejado
 Nas entranhas de um querer
 Hoje, Mulher! Forte na Fé
 ****
 Na minha sacralidade, Graça
 Se conduz a Deus em gratidão
 Por ser sua Mãe.
                                             Olynda Bassan

"Vidas que se acabam a sorrir"


Ao me deitar a música  'Luzes da Ribalta" me veio à mente e com ela vieram os "refugiados". Eu me levantei e teci esta poesia, triste, mas poema.








“Vidas que se acabam a sorrir
 Luzes que  se apagam e nada mais”


Noite fria, já é amanhã, ainda escrevo.
A música me faz  lembrar  dos “refugiados.”
Vidas vão sendo ceifadas pelos mares encapelados.
Ondas se projetam ao céu. Desconhecem o inferno
Das almas que navegam... Nada, é o mais...
Nada deixam... Pátria,  casa...
Nem provedores.  Será que saudades?
Quem sou?  Um errante?  Um rótulo?
Carrego o de “refugiado” Um número.
Expurgo de um nome, de uma identidade
Sem rosto. No meu nada;  estatística.
Sonhos alimento no direito à  VIDA
Um canto  aonde vejam  minha humanidade.
Travessia doída.  Mãos se desprendem como                                     
Laços de fita seccionadas no  sangue da esperança
Rostos que se distanciam, olhares se afastam.
No meio do mar; queima a pele, a alma
Sem alimento, sal em demasia. Massa de gente
Cadê meu menino? Cadê meu pai? Minha mãe?
Cadê minha boneca, minha bola?
Um  nome...uma brincadeira...
Na terra prometida, o meu MANÁ!
Não desisto do meu “TUDO”
Sou GENTE! Sou Esperança!

                                                             Olynda Bassan