23 de mar. de 2014

Alegria do Carnaval







                                                        fonte Google


         Neste carnaval eu me propus a viver o diferente. Resgatar o aconchego da família; voltar à minha origem onde nasci e cresci, brincando de cara para o vento, atolando na lama das ruas, ainda de terra, brigando, conquistando espaços, aprendendo a ser líder. Sim, Gália, minha cidade Natal, foi a escolhida para passar o feriado de Carnaval.
 E como me foi prazeroso! Muito bom! Desfile de blocos, carros, fantasia, bateria com muita a animação e trabalho. Mas, nesse sair para apreciar a festa nos alegramos ao encontrar amigos que há muito não víamos. Amigos de infância, ou filhos de amigas, que se perderam pela distância, mas nos reencontramos no  face.  Lado bom deste aplicativo! Neste carnaval nos abraçamos ao vivo e  à  cores...! "Oi minha amiga do  face,  e verdadeira". Sinais dos tempos.  Muitos abraços e sorrisos. Rever família, estreitar laços, “tricotar” com irmãos, fortalecer o vínculo familiar. Reviva o amor, desata os nós da carência de atenção, de afago.
     O encantamento da natureza, foi mesmo, sentar nos bancos do jardim ao entardecer. Quantas recordações me traz! O imaginário baila nas lembranças. Parece que eu conseguía ver os mesmos moradores saindo de suas casas. - Ali morava o Toninho.- Olha casa da D. Nenê, minha professora... Quem morava naquela amarela, mesmo?   
    Minha irmã Lourdes e eu, chegamos  cedo para a missa, em nossa encantadora Igreja Matriz.  Neste espaço de tempo, pude apreciar o céu mais deslumbrante que meus olhos já viram. Parecia que o mar estava de cabeça para baixo. Não se enxergava uma nuvem, apenas as estrelas, surgindo para iluminar aquele céu que estava prestes a se esconder, para humildemente dar lugar à lua prateada que já despontava. Era um degradé de azuis.  Exuberante!   Em desenhos circulares, se via desde o azul claro, turquesa, azul hortência, azul petróleo. Mas, de uma intensidade que emocionava a alma. Só um poeta descreveria tamanha beleza.  A mim, apenas sentida, pois desvendo a poesia no cotidiano, e não em palavras. Esta "pintura" emoldurada pelos altos coqueiros, me faz acreditar na presença de Deus, em cada pedacinho deste planeta.
     Minha vontade era bater no ombro de cada pessoa que por ali passava e apontar para este céu... Olhe!  Não perca este deslumbramento, presente de nosso Deus. Não olhe apenas na linha dos seus olhos, ou para o chão. Tem mais belezas acima do nosso olhar. Tem poema!  
    Em contraste a esta paz, a esta poesia, por ser carnaval, lembrava eu do barulhento "trio elétrico, com o som nas alturas embalando a moçada, na alegria alimentada pelas latinhas em suas mãos, desde o raiar do dia. Alegria pela alegria? Falsa alegria! Esta, por certo, não transborda de suas almas, de seus sonhos, ou conquistas. Quando transito entre pessoas e tão jovens ainda, se afogando em bebidas em ressacas, tenho medo! Não deveria, mas eu o sinto! Por que não me envolve a alegria?  Afinal é a juventude nas ruas, com toda a sua vivacidade. Quanta vida o Criador colocou nestas criaturas!  Por que não reconhecem a sua grandeza, o seu valor? Nem sabem quanto amor existe dentro de si e qual sua capacidade de amar.Há um endeusamento pela bebida, pelas drogas. Sinto pena!
     Que efeito estranho esta festa exerce sobre os indivíduos.  Falo daqueles que se permitem transgredir, porque é carnaval. Durante o “reinado do Rei Momo”, este jovem deixa em uma gaveta, sua alma, seu espírito; esquecendo – se, que ele próprio mora neste corpo, agora maltratado, descascado pelos excessos, muitos excessos...  Jovens que não dão conta deste corpo; mente que não elabora raciocínio.  Traça -se um parênteses, onde se permanece, dormitando por 3, 4 dias. O que diria o seu reflexo diante do espelho? Que face revelaria?
  Não, ele não quer pensar. Carnaval não combina com pensar. Nesta transgressão, presenciei ali pertinho das famílias que se encontravam, falando de suas lembranças, uma briga entre alguns adolescentes, mostrando a barbárie que o ser humano, ainda exerce, hoje, como se estivessem nas arenas Romanas. O moço cai e os demais batem em seu corpo, em sua cabeça com cadeiras de ferro, sem pensar nas conseqüências. Nem  mesmo reconhecem ,naquele ser, uma criatura,  um filho de Deus, seu irmão. Tudo se faz em nome do Carnaval. Uma mãe dizia para o filho - “Você está bebendo muito. -“Não esquenta mãe. Depois do  carnaval eu paro”. Ah!...tem caminhos outros, de se sentir feliz...Tem, sim...
   Vive-se também, no Carnaval, a alegria que não transgride, a qual é brincada em família, no salão, com amigos... Parece  que  neste momento queremos “jogar a toalha” de nossas preocupações, fardos que nos pesam no dia a dia. Uma vontade de trocar nossos deuses, nossos demônios. Um chega pra lá, no sistêmico, no jeito cartesiano de resolver nossas pendências, nossas neuras.  O toque das marchinhas, o repique dos tamborins, dos surdos,  despertam uma sensação de vibração, de arrepio pela emoção, que nos falta no cotidiano de trabalho, na correria, nos encargos. Mesmo que seja, por um breve espaço de tempo, usufruir de um jeito de viver, de sorrir, de ser mais leve, propósito de muitos réveillons.   “Deixar a vida me levar, leva eu”. Aproveitar a vida a dois, namorando, revivendo os bailes da época de paquera, de noivado. Essencial este afago, este sussurrar no ouvido de quem se ama. A alegria descontraída do  Carnaval faz aflorar tais desejos. E por que não vivê-los?  Se há tantos  risos... oh! quanta alegria... no salão?
    Vou além dos salões enfeitados.  Questiono a importância do ambiente, ao nosso redor.  Assim como o carnaval suscita o contentamento;  um ambiente, com humor, acolhedor, poético, também não exerceria  a vontade de sentir a emoção da vida, na vida, em nós? Um lugar com leveza...
    Nossa inquietação, nosso desejo louco de amar, nossa ânsia pela alegria,  de sentir arrepios, pode ser alcançada por voos altos, por fazer o que temos vontade, por mais simples que seja, sem a muleta da bebida, da maconha, da cocaína.  Sem a desculpa do não ter tempo, não ter oportunidade, estar só. E por que não ser companhia de mim?  
      Eu me recordo, com carinho, daquela senhora, nos seus 87 anos, a qual achou um caminho para ser feliz.  Não é que teve vontade de rezar alto na Igreja e não se fez de rogada? Pediu o microfone e realizou seu sonho.  Não somente rezou, mas declamou sua extensa oração,  com a emoção que transbordava de sua alma. Vivenciou uma satisfação inenarrável! Posso escolher, uma, entre tantas linguagens de ser feliz.Posso...sim ! 
     Eu mesma, posso estar me esperando, para me alegrar. Devo me apressar...
    Que pena... se eu resolver esperar até o próximo carnaval!

   


2 comentários:

  1. Importante refletir que não precisamos de uma data específica como o Carnaval ou de artifícios vários, que nos autorizem a viver a alegria, ou soltar as amarras, as censuras... Podemos viver de forma mais relaxada, afrouxar nossas defesas, deixar o medo da exposição ou do ridículo de lado para vivenciar a alegria autêntica: rir do simples, gargalhar, dançar sem motivo, ir em busca do que se deseja e se permitir viver com mais leveza!
    Viva a alegria!

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  2. Viva!!!!!!!! Sempre por aqui, minha amiga...Deixando esta página mais interessante, mais brilhante. Abraço

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