Bauru, 09 de maio de 2020
Amada neta Valentine
Chegou a sua vez..hee. É seu aniversário e na celebração da sua vida, vai uma cartinha. O símbolo de expressão do meu amor, em 2020. Que ela a encontre sorrindo com os olhos. Onze anos. Sua segunda década no existir.
Desculpe a letra. Você sabe que a vovó retirou o gesso, mas permanecem limitados os movimentos da mão. Nada que o seu tio José não possa dar um jeito (risos). Haja fisioterapia. Ficarei ótima.
Valentine, neste ano não estarei com você, nem raspará a panela do brigadeiro. Durante 10 anos fomos arteiras naquela cozinha.
Ao receber seu quadro do nascer do Sol, de presente, tingido do amarelo ao vermelho em degradé, me fiz memória, em você. Nossa aquarela de convivência espatulada em tantas cores, desde o seu nascimento lá em 2009.
Sabia que a vovó nunca havia visto uma criança abrir os olhos ao mundo? Um choro de bebê provocar prece de gratidão e louvor, do lado de fora, pelo vidro? O vovô João e eu vimos você. Tão linda vida. Era clarinha. Agradecemos tanto a Deus, ao papai Pedro e à mamãe Path.
E nessa viagem ao passado, (liga não, avós amam recordar) lembro-me o ninar em meus braços, pequenina; nossas brincadeiras no chão da sala, jogando e construindo laços; nossos bolos de chocolate; passeios na praça. Na calçada- “Está pronto seu lobo? Quando abria a porta devagarinho do meu quarto, durante a noite que ia. E juntas ficávamos, até seu soninho chegar. Porém, as vindas da escola, jamais serão esquecidas. Caminho cheio de magias. Era a sua alegria. A vovó buscá-la, ainda na claridade do dia. Tínhamos que avisar a mamãe, ao sair da escola. Ah, ela sabia que levaríamos um bom tempo para chegarmos. Lembra? Eu e você, descobríamos a Lua antes do Sol se pôr. Colhíamos flores das calçadas tapetadas em cores. E os animais? Conversava com todos que encontrava. Disposta, sempre puxava a sua mochila, mesmo na subida. Não fazia fofoca de nenhum colega da escola. Ali bordava o seu caráter, seu jeito de ser. Uma graça! Eu ia lhe conhecendo por dentro. Não era só um caminho. Era a nossa fantasia entre pássaros, gente, flores, raízes, cachorrinhos e gatinhos.
Depois, foi encantando-me na melodia da flauta, do violão. Do som do sapateado, do teatro. Nas cores das telas. Na responsabilidade. É muita belezura!! Você, menina, cresceu! Sua primeira comunhão com Cristo presente. Eu O senti em você.
Vive em um ninho tão preparado, tão cuidado de amor, à distância, que lhe preenche. Bom que seja assim. Mas em um espirro, pode me chamar. Estou de malas prontas, sempre para lhe encontrar.
Valen, foi sensacional você comprar livros, Kindle (mais livros rs) e o Grill Waffle, como presente da vovó. Irá sentir, viajar, emocionar-se nos livros e criar sabores. Cozinhar é um jeito de amar. Quero participar desta aventura, quando puder me sentar à mesa da sua casa e no sofá, com livros na telinha. Amoooo.
Querida, um até breve. Desejo tuuudo de bom e de bem desta vida. Continue feliz, fazendo outros felizes, em sua crença e espiritualidade. Continue generosa, compassiva com os desvalidos, como tem acompanhado seus pais, nesta época de carências mil. Continue com sua alma leve, olhando o Sol e a Lua, conversando com as estrelas. Preserve seu amor pelos animais. Continue engraçada, estudiosa, justa, defendendo colegas, companheira.
Um graaande beijo. Hoje, meu olhar ronda sua casa, seu quarto seu coração. Preces aos céus, como flashes. Meu abraço, enlaçando papai, mamãe, tios, primos, amigos e quem mais vier.
E por que lhe escrevo nossas memórias? Porque é esta simplicidade, que fica, minha linda.
Ah, seu quadro já tem lugar certo. No meu cantinho do café. O Sol que se levanta - café aconchegando minhas manhãs. É tão booom!!!
Eu já lhe disse que a amoooo de paixão?
Saudade ....vovó Olynda
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