24 de nov. de 2020

Carta de Parabéns, José

 Bauru, 16 de junho de 2020

                                                      Amado filho José 

        Bem sei que esta “cartinha”  o encontrará atribulado, correndo aqui, ali, reuniões, estudos, atendimentos, família... mas, espero que o encontre com fé e alento. Por certo só a lerá à noite. (risos) 

    Filho, é linda a sensação de escrever em um momento intimista, só eu e você, nas reminiscências de seus anos, na ternura dos meus. Celebrando sua vida, na graça de Deus. Vida expressa no seu jeito de ir, de ir, de abraçar as oportunidades, de amar, simplesmente amar. Penso que nasceu com este dom de agarrar o mundo.  No meu ventre consagrado pela concepção, eu sussurrava  -“seja bem-vindo José”.  Já tínhamos o nosso segredinho. Do meu amor, só você sentia, Seu pai dizia que se tivéssemos um menino, seria dado o nome do meu pai “ José Bassan”. Homenagem à dignidade de um homem. 

     O choro da vida, ainda não se ouvia naquela sala de parto, a Tiesa, sua tia, profetizava que seria um menino moreno de olhos azuis. Eram mais certezas, na espera da arrebentação da semente, que seria caule e raízes, ocupando seu espaço, no mundo azul, visto pelos seus olhos. Ela ria de orelha a orelha, quando a notícia disse que estava certa. 

   Como brincou! Não tinha muitos brinquedos.  Criava, escalava, andava nos móveis, descia escadas com colchões, se atolava na lama. Criança feliz, feliz a cantar. Tombos, dentes quebrados, uma, duas vezes, Que preocupação! Com sua bicicleta atravessava ruas e ruas, indo até ao Luso da cidade. Corajoso que só ele. Sempre ia... destemido. E a mãe louca, deixava. Juntos nas composições  de natação,  de futebol  de salão.  Atravessando madrugadas  assistindo  Airton  Sena, mundiais  do São Paulo, comendo pipoca. Fase Boa, bem vivida 

   Acho que não contei para ninguém, uma angústia, filho. Sem contar aquela da sua cirurgia de hérnia umbilical com 8 meses.  Não, foi outra.  Ao nascer o primeiro filho, se diz que nasce a mãe, se aprende a missão.  Outros falam que a experiência ajuda a criar o segundo, temperado com o mesmo amor. Eu descobri que não sabia ser mãe de três filhos. Eu os quis, porque quis.  Com três, a casa fica cheia. Enquanto cuido do bebê, as duas podem fazer arte, brincadeiras perigosas. Era o meu medo. Quem vai cuidar das meninas, Path, Elô, se estou ocupada, amamentando?  Seu pai, pela fazenda...  Então José, depois de ficarmos 15 dias acolhidos na casa da vó Malvina e do vovô José, em Gália, eu que sou tão durona, entrei no carro com os olhos lagrimando, insegura.  Tão lindos! Queria cuidar muito bem de você, de suas irmãs. Seria capaz? Longe da mãe, das irmãs, lá íamos para Bauru, com uma responsabilidade enorme na alma. Com o passar do tempo, fui me serenando com a sua calma, com o seu sorriso. Você foi me aceitando como mãe, ensinando-me a ser mãe de três. Que bebê, lindo, tinha em meus braços. Três lindezas.   Arte, das meninas? Coisa pouca rs. Depois, você engrossou a delícia que foi a infância de vocês. 

       Filho, eu fui a sua primeira morada, seu primeiro útero. Ouviu sons, vozes de gente, de animais.  Alegrias da família.  Foi conhecendo suas irmãs, seu pai também. Ouvindo as músicas  sertanejas que o João colocava para acordar suas irmãs 

  Dançando nas minhas águas, um véu de amor o protegeu de todo mal. Na casa do mundo, alegre e triste, começou a entender que o Universo não era um mar de rosas e aprendeu a conviver com os espinhos, e admirar as pétalas.   E tem navegado bem, filho, sabendo que tem medos, perdas e reconstruções, todo dia. As velas se deitam e se levantam às nuvens, todos os dias. E se fortalece.

     Hoje, encontrou outros úteros que o acolhem e o amam .A mamãe fica orgulhosa, sem ciúmes rs.

      Está na sua fase de verão, de construção, de realizações e conquistas. Mas, cuide de sua casa interior. Descanse, respire, se reconheça finito, ore. A sua família é bênção. Na clínica, seu profissionalismo, dedicação e evangelização.

 Enfim, José, não posso terminar a carta sem a palavra a Deus e a você. A palavra é  gratidão pelo dia de hoje, seu aniversário. Ele é o ontem, que o construiu, é o amanhã que semeia agora. Continue feliz. Saúde, saúde, saúde. 

 Fica me devendo o churrasco. Eu cobrarei assim  que tudo isto passar.  

      Amado filho, parabéns no meu abraço. E nele cabe toda a família, amigos que lhe querem tão bem. É feliz, não é filho? Quero continuar ouvindo sua risada.

                                          Tcháu. Fique com Deus.

                 Beijo da d. Olynda – sua mamys.

                         









         

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