3 de abr. de 2016

Mãe, sementeira

                          

                         


                                                 Semeia flores

     
      Aquela mãe se levanta junto com o Sol que doura o mundo e dele recebe a energia para pisar o chão, que  sonha ser areia fofa e morna.
     Na folhinha pendurada na parede descascada da cozinha, os dias são riscados um a um. Seria mais um, ou menos um?   Com a xícara de café e a fatia de queijo em mãos a mulher olha pela janela e nos olhos marejados pela saudade, se lê a oração. A mãe fixa o infinito como se não houvesse nada além dela.  Cristalizado em seu olhar está o dourado da medalha reluzente  sobre peito do filho. No amor gerado no primeiro útero, a mãe enxerga o invisível e espera..espera...
            Nas suas  idas e infindas vindas ao portão da casa  ela  assola a terra, pisoteia  a grama como se fosse as uvas, no preparo  do vinho festivo. No sorriso  da alma, planta, semeia  flores; decora o caminho.
           Hoje, as flores perfumam a prece.

                                                          Olynda Bassan

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