A adolescente
Entre um parágrafo ou outro, vejo de soslaio uma avó e uma
neta, sentadas na diagonal do meu banco, em uma viagem pelo interior.
A avó, faz crochê, a menina no celular, sem muita conversa.
De vez em quando a avó admira a paisagem e diz:
-- Que lindo! Olhaaaaaa.....
Sem resposta. Só ela se interessa por aquilo que lhe dá
prazer.
De repente, a adolescente oferece um chicletes .
-- Qué vó?
Ela aceita com um
sorriso.
Acho lindo aquele gesto carinhoso.
A avó larga o artesanato e se senta na beira do banco,
olhando para frente em direção à janela.
--Vó por que não se senta direito? Que tanto olha?
-- Estou vendo as
placas com o nome das cidades, rios e a quilometragem.
E puxa conversa com a
neta.
Ela indignada, lhe adverte.
-- Vó, não “gospe” em
mim quando falar. Já te falei. Molha meu braço.
A avó sem entender a
reação da menina, lhe fulmina com o olhar, mas cabisbaixa retoma ao seu crochê.
À neta, pagou a passagem, de troco...o seu silêncio.
Olynda Bassan
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