3 de jan. de 2017

Patchwork de mim

     







                                     No “ Patchwork” de mim.

        
        A vida segue  e mais um final do ano chega no tempo fatiado em frações. Fragmentos de um espaço convencional que nos foi emprestado na finitude do corpo.

        Não, não foi um ano fácil. Será que tem ano fácil? Vivenciamos a aridez  nas  dificuldades, tormentas interiores, sociais de um mundo em evolução.  Nos entremeios o amor provocou sorrisos e brilho no olhar. Também o experimento da paz, mesmo que não houvesse, no céu, um arco-íris. Em 2016 fomos alinhavando os nossos retalhos, tecendo nossa colcha, inovando nas peças de arte do cotidiano.  Sentados à nossa máquina de coser, com mãos graciosas fizemos casaquinhos de tecido “ pele de pêssego”, como a mãe de mãos primorosas, sonhadoras, envoltas no espírito suave da maternidade.  Sentimos a leveza, o perfume no ar.  Nos  construímos na doçura, nestes momentos de renascimento. Em compensação, no inesperado que espeta a pele manipulamos uma roupa de brim seco, áspero, pesado, onde não sabíamos o tamanho da agulha, bem como a linha que cerziria a trama, num mundo de incertezas.  Nos pontos, que uniram as tiras imperfeitas dos nossos dias, guardamos em silêncio as lágrimas que rolaram num canto dos olhos, aquecendo a face e temperando a boca. Ruminamos os pensamentos guardados no coração.  Cantarolamos músicas pela metade. Fizemos planos. Oramos e engolimos sapos, mas a gratidão esteve presente na sabedoria de um ponto bem laçado. Na pergunta de quem sou, me entreguei sem resposta. Então me redescobri em mistérios. Na arte do “patchwork” aproveitamos todos os recortes de tecido, de todas as cores e textura na construção do belo, dos desenhos sonhados. No dia 31/12 finalizamos parte do nosso trabalho de retalhos. Se não foi o mais bonito, foi o que conseguimos realizar nas técnicas e emoções do aprendizado. Na esperança, na confiança de um Pai que nos espera e nos aceita como somos, limpamos a máquina, lubrificamos as engrenagens. A arte recomeça nos desejos de continuidade da alma apaixonada pelo simples bem feito, bem olhado, bem sentido. Há significado em cada ponto, em cada pedaço não desprezado em uma gaveta qualquer. Nele, minha essência. Na poesia das mãos que fazem, dos pés que tocam a máquina iniciamos mais um ano. Feliz 2017. Que seja um patchwork em edição aprimorada.  Me coloco, ainda em tirinhas, entre as mãos de Deus.  Não importa a fração do tempo que me será ofertada; tenho muito o que costurar.  Amigos, juntos nesta Oficina de Coser. Abraço da Olynda.  

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