Dizem que
hoje os pais presenteiam seus filhos, antes que surja o desejo. Se perde a
espera, o encantamento de lutar por alguma coisa. Que se evita as frustrações,
os traumas do desamparo por um não.
Há exceções.
Meu Deus, como sofri por uma bicicleta. Briguei com meu irmão. Mordi seu braço
porque vinha me gozar no meu choro sentindo, estirada na cama. Eu me lembro do
seu rosto de “sarrista”, do quarto, da cama, como se fosse hoje. O Pedro ria, até quando apanhava. Imagina! De
nada adiantou. Sitiante, a mercê das chuvas, frio e calor, pai de 7 filhos,
todos em idade escolar, não tinha como satisfazer meu tão sonhado presente. Meu irmão punha o dedo na ferida que ainda
sangrava. O tempo passou e não morri. Não sei se fiquei mais forte, ou mais
tinhosa rsrs.
Dependia da
boa vontade dos meus amigos em me emprestar a magrela. Lógico que havia
desavenças, porque o meu tempo na vontade, não era o mesmo de quem usufruía do
seu bem 24 h. por dia.
Hoje, a
história se repete; minha neta chora por um par de patins. Por aconselhamento de seu tio fisioterapeuta
aguardou se aproximar dos seus quase 12 anos, para reascender sua esperança em
conseguir tal façanha. Ela repete como um mantra “ eu quero meu patins, meio cantado, meio choroso. E cadê que
ele vem?
Não se pode
ostentar o que não se tem, no propósito de não frustrar, Esta é a realidade.
Outras prioridades caseiras estão em jogo, neste mês e no outro, no outro..
O coração de
vó fica pequenino, apertadinho na lembrança do seu desencanto de infância.
Quem sabe um
dia, não é minha pequena? Você tenha mais sorte do que eu
Olynda Bassan
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