23 de out. de 2013

Vários tons de Rosa.

O olhar do cotidiano...


Quarta – feira, chuvinha silenciosa, dia nublado, cinza, até. Muitos se deixam influenciar por este tom e o dia começa amargurado. Em contra ponto a esta sensação eu me levanto, querendo amar a Deus e o mundo. Uma força, do nada. Um sentido de movimento. O mesmo que nos faz girar e girar num palco, dar um passo e mais outro, em busca de... não sei. Talvez apenas a alegria por viver.
Eu me lembrei de um amigo, empresário de Leilões. No meio do leilão dos animais ele grita “para tuuuudo” seu jargão peculiar rsrs.   Assim eu fiz. Parei tudo. Precisava escrever.
Ontem, dia do Professor.  Mestres reverenciados. Mensagens emocionantes, sentimentos de gratidão, cumprimentos, desejo de valorização, saudades foram mesclando a página do FB.
O meu olhar cotidiano se recordou de atitudes simples que podem transformar um ambiente hostil, em aconchego, em alegria por estar naquele lugar, naquela hora.
Certa vez recebi uma professora transferida para “minha” escola, com uma margaridinha amarela, solitária em minhas mãos. Ao abrir a porta, ela me encontrou com aquela florzinha tão pequenina e um grande abraço de boas – vindas. O sorriso e o brilho nos olhos não serão esquecidos nem por ela, nem por mim.
Como tenho saudades das reuniões com os alunos, em momento de conflito! Nós nos reuníamos na sala dos professores, no pátio, nunca na Diretoria. Um lugar onde os envolvidos pudessem se expressar livremente, colocando para o grupo suas amarguras, suas amarras. Ao terminarmos nosso diálogo não se exigia pedidos de desculpas, de perdão, naquele momento. Eles conversariam e quando quisesse reatar a amizade, ela aconteceria. Como eles dizem “numa boa.”
Cada aluno fazia um caminho para seu interior, para o seu mundinho.  Era um momento de se descobrir o porquê da violência, da palavra mal falada, da falta de respeito.  Os alunos já conheciam o teor da reunião. Chegavam e já iam dizendo...vamos lá D. Olynda. Vamos descobrir onde está o “foco” da briga. rsrs. Quem começa? Que bonitinhos! Este caminho de solução quem me ensinou foi o querido Prof. Romualdo, no CEFAM. Ele sempre dizia:
_ “Diretora, é preciso descobrir o fato gerador do conflito. Pode estar láaaaa atrás.”
É bom ter sucesso nas negociações, não é?  E o sorriso daquelas crianças ao serem ouvidas, ao serem respeitadas em sua individualidade?  Não sendo massificadas por um sistema de punição?
Assim, ganha o aluno que toma conhecimento de um novo jeito de agir, por meio do diálogo. Ganha a equipe que visualiza uma nova maneira de ser escola. Ganha a escola que passa a ter a harmonização de si mesma, com a comunidade e com o mundo. Como se diz: “o bater das asas de uma borboleta aqui, se faz sentir no Amazonas.”
Em minhas divagações penso que a vida, assim como a escola, tem muitos tons de cinza. Poderíamos jogar uns tons rosa, não é? Ah, ficaria bem mais colorida.  Não o rosa da alienação. Não o rosa que nos faz esquecermos-nos do desgoverno, das lutas pela dignidade.  Mas, o rosa que surge, ao não permitir, que me sequestre o sonho de ser professor. Tudo, menos isto!  O rosa, da boa convivência, do abraço, da gentileza, da minha própria valorização. O rosa “pink” que me leva aos atos públicos de protesto, mas que me conduzem também à pesquisa,  ao estudo.  O rosa que.......
Com licença Rosane, mas amei as palavras ditas por você, aos seus alunos no primeiro dia de aula. “Não tenham pena de mim. Sou professora porque quero. Porque eu escolhi” rsrs
É isto! É este rosa, é este rosa!

No amanhecer, agora no escurinho do horário de verão, faço a minha oração.  Senhor Jesus, não me faça refém do desânimo, da descrença, do cansaço... Eu sei do meu esforço, do quanto eu realizo. Coloque cor na minha vontade, nos meus alunos, no meu rosto, no meu dia, no meu sonho. Coloque, coloque, coloque. Quero sentir este movimento que me lança, que me impulsiona.
Ah... Pode colocar cor nos governantes também, eu deixo rsrsrs. Amém
A imprensa não divulga, mas existem escolas com tons de rosa. Tem sim.


“Por hoje é só. Quem quiser que conte outra”.







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