21 de jul. de 2017

Exploradores a postos


                  Exploradores a postos...


   Chácara, festa, música, amigos e um milagre. As crianças romperam o seu cantinho solidão; procuraram caminhos alternativos, onde não sentissem o prazer em uma tela artificial. Perderam o contato com o celular para extrair no pouco que as cercavam, o muito em contemplação, interação com o fantástico da vida real. Apenas se ouvia o som de muita conversa, risos e do balanço no seu nheque, nheque. Elas se revezavam em harmonia – do saber esperar sua vez.
Naquele lugar, as árvores foram cirurgicamente removidas, respeitando a sustentabilidade. Entre as crianças não havia miséria emocional. Não assistiam um programa sobre a Natureza, mas viviam-na em todos os sentidos: na maciez da pelagem dos animais, nas lambidas de carinho, no calor do Sol penetrando entre as copas da árvores, na alegria do amigo e no cheiro da noite, que não se decifra.
Exploravam o lugar, procurando detalhes no aroma, nas cores e nos animais silvestres. De repente corriam para um arbusto para contar os macaquinhos ao alcance das mãos; em outros momentos eram as borboletas que davam o ar da graça, com leveza e suavidade.
Os pais deixaram a liberdade correr solta. Uma vez ou outra, observavam se os exploradores estavam por perto.
A noite foi se aproximando no pôr- do Sol espelhado, pleno de mistérios e encantamento. Pedia para ser fotografado. Quando dei o primeiro click, uma criança me disse: “ O pôr- do- Sol é lindo, né?”
Pude crer que aquelas crianças contemplavam a Natureza, aprendiam a amar e a conservá-la. Se fizeram coadjuvantes da Criação. Um jeito prazeroso de encontrar Deus nas entrelinhas do cotidiano. Transportaram- se do mundinho particular, de olhos cabisbaixos, enterrados, para o olho no olho, para o abraço e para o sentido do ar puro que reinventa o prazer da alma.
Eu as vi em sua criancice.
Olynda Bassan

Nenhum comentário:

Postar um comentário