Fonte Google
Eu refiz....
Inverno combina com avó, agulhas e lã. A
cada ponto uma gota de amor, um sorriso, vislumbrando o rostinho da Maria
Eduarda, da Valentine, da Luísa, do
Henrique. Mas nem tudo são flores na arte de tricotar, de crochetar. Haja paciência!!!
Nesta semana dediquei o meu dia todo a
completar um pulôver. Pressa! Chegaria uma onda de frio! E ao chegar o final
daquele dia, nada deu certo. Nem o ponto, nem o tamanho. Desolada comecei a puxar...
a puxar o fio. Tantas horas, perdidas. O novelo de lã se enchia novamente!
Sensação de mãos vazias, de missão não cumprida. O ventinho frio que entrava
pela fresta da janela, gelava meu pé.
Apenas uma certeza eu tinha: absorver a decepção e recomeçar.
No livro de José Saramago, “Ensaios de
uma cegueira”, diante de um conflito
entre os cegos, a mulher disse” o mundo está aqui”. Pois bem, enquanto
desmanchava, refletia que, em algum momento precisamos nos desmanchar para que
peças novas se encaixem no quebra –
cabeça de nossa existência. O mundo está se desmanchando, levantando tapetes,
descortinando podridões nos valores, na ética, na honestidade. E por aí vai....
Pessoas desmancham seu comodismo ao acolher, ouvir, sair em busca de gente, de
cultura, do bem estar, da espiritualidade, de si mesmo. E por aí vai....
Tanto no caos da minha linha emaranhada,
quanto no caos de nosso “eu”, dos homens, aliado ao querer, poderá surgir uma
nova ordem, uma harmonia de pontos e cores. “O mundo estará aí.” Em um só fragmento da
peça de inverno existe a totalidade dos
nossos sonhos, da nossa persistência, do amor em aproveitar a chance de ser melhor.
Na beleza da arte do fazer acariciei
em minhas mãos a maciez do pulôver que agasalha e aconchega avós, netos
e quem mais vier.
Mas o que eu queria mesmo era me desmanchar
em um abraço....rsrs. No desmanchar e
refazer...desejo um bom final de semana
aos meus amigos de longe e de perto. Olynda
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